Ministério incorporou o Zolgensma aos tratamentos ofertados pelo SUS (Marcello Casal Jr. / Agência Brasil)
Uma nova exigência do Ministério da Saúde irá adiar a entrada de recém-formados ao programa Mais Médicos. A partir de agora, quem deseja participar da seleção deverá informar o registro profissional no ato da inscrição. Antes, os graduandos podiam concorrer à vaga e apresentar o cadastro no conselho regional posteriomente, na fase de convocação.
A mudança visa a dar mais segurança ao processo, evitando fraudes. No entanto, além da indignação dos universitários, que já se articulam para barrar a medida, há um temor de que os cargos não sejam preenchidos em cidades do interior. Quem afirma é o Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de Minas Gerais (Cosems-MG), órgão que representa os gestores municipais da área.
“A preocupação do Ministério da Saúde é legítima. Mas é de conhecimento de todos que municípios menores têm dificuldade de atrair profissionais”, diz o presidente do Cosems, Eduardo Luiz da Silva. Para ele, a possibilidade de recém-formados participarem do processo facilita as novas contratações.
Mobilização
Na tentativa de reverter a medida, cerca de 400 estudantes de medicina de 14 instituições públicas e privadas de Minas lideram uma mobilização nacional contra as novas regras do Mais Médicos. Em todo o país, são 33 universidades e aproximadamente 1,5 mil envolvidos.
Para os acadêmicos que têm formatura prevista para o fim deste semestre, a exigência fecha portas no mercado de trabalho. Os alunos enviaram uma carta ao Ministério da Saúde solicitando a revisão da norma. Alternativa que tem sido adotada é a antecipação da colação de grau junto às instituições de ensino.
“Nós temos interesse no programa porque ele traz uma condição muito importante para quem está começando. É uma contratação com um salário bom e com um contrato estável, de dois a três anos”, diz um dos líderes do movimento, Gustavo Miranda, aluno do 12º período de medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).
Sem impacto
Opinião diferente tem o professor de medicina da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), Bruno Castro Amato. Segundo ele, a saída de cubanos do programa e a saturação do mercado resultaram em uma elevada procura de brasileiros.
“Hoje, existe um número excedente de inscrições, maior que as vagas ofertadas. É um cenário que facilita até a substituição em caso de desistência. Acredito que, mesmo sem os recém-formados, teremos excedentes”.
Próxima etapa
A nova etapa do Mais Médicos prevê a abertura de 2 mil vagas em 790 municípios com alto índice de vulnerabilidade social. Em Minas, são 108 oportunidades. As inscrições começam na próxima segunda-feira e terminam na quarta. O restante do cronograma ainda não foi disponibilizado.
Nenhum porta-voz do Conselho Federal de Medicina (CFM) estava disponível para falar sobre o assunto ontem. Em nota, o órgão disse que os critérios dos editais são definidos pelo Ministério da Saúde.
A pasta federal, no entanto, não se pronunciou até o fechamento desta edição.