Escolas vão orientar alunos para evitar consumo desnecessário

Raquel Ramos e Sara Lira - Hoje em Dia
29/01/2015 às 07:23.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:49
 (Lenir campos / )

(Lenir campos / )

Os alunos ainda nem voltaram às aulas e já têm uma tarefa: aprender a economizar água, inclusive na escola. O dever também vale para funcionários, como faxineiros ou professores que, com o fim das férias, serão desafiados a pensar em formas de reduzir o consumo. Para mobilizar os diretores, o Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais (Sinep-MG) enviou, nesta quarta-feira (28), uma carta a 670 unidades de ensino com dicas para poupar água.

As recomendações são simples: diminuir a frequência de limpeza de quadras e pátios, atentar para a manutenção dos equipamentos a fim de evitar vazamentos e, se possível, instalar torneiras que liberem água e ar ao mesmo tempo e válvulas automáticas para as descargas.

Além disso, os estudantes devem ser instruídos a fechar a torneira enquanto ensaboam as mãos ou escovam os dentes, a certificar-se de que a água não ficou pingando antes de sair do banheiro e a tomar banhos rápidos, no caso daqueles que passam o dia na escola.

Na parte pedagógica, caberá aos professores criar projetos para tratar do assunto. “Podemos conscientizar cerca de 150 mil alunos, que serão multiplicadores dessa informação. No total, esse trabalho de educação ambiental poderá alcançar até meio milhão de pessoas”, acredita Emiro Barbini, presidente da entidade.

Bons Exemplos

Como a palavra de ordem é racionar, algumas instituições de ensino se anteciparam e já tomaram providências. No Colégio Franciscano Sagrada Família, por exemplo, torneiras e descargas estão sendo substituídas para acabar com o desperdício. “As trocas são feitas aos poucos, começando pelos locais onde o uso é maior”, contou o diretor Ilton Chaves.

As ações não param por aí. O número de monitores que acompanham o banho das crianças será maior para controlar o tempo que cada um demora no chuveiro. E uma campanha interna irá incentivar o uso consciente da água. 

“As medidas exigem gastos altos, mas pelos nossos estudos, o custo benefício valerá a pena. Com as mudanças, será possível poupar água e dinheiro”.

O Colégio Santo Agostinho também tomou medidas em prol do combate ao desperdício. Na unidade de BH, a água que atende a 3,5 mil alunos sai de um poço artesiano, instalado há dois anos com a autorização dos órgãos competentes. “Estamos preparados para a crise”, garante Mauro Macedo, gestor administrativo e financeiro.

Já na unidade do Vale dos Cristais, onde estudam cerca de 2 mil estudantes, uma caixa com capacidade de 120 mil litros reaproveita a água da chuva. “Desde 2007, utilizamos essa água para lavar calçadas e irrigar os jardins. E mesmo nesse período de seca, o nosso reservatório está cheio”, conta Gustavo Pasa, gestor da instituição de Nova Lima.

Professora do interior é exemplo de economia de recurso

A preocupação com a economia de água acompanha a professora aposentada Lola Garcia, de 75 anos, desde bem antes da atual crise hídrica. Moradora de Formiga, no Centro-Oeste mineiro, ela se recorda de uma época em que as chuvas vinham com abundância no verão e a falta de água sequer era cogitada. “Na minha infância, eu morava em uma fazenda próxima à cidade e me lembro que, quando chovia, as estradas chegavam a ficar alagadas de tanta água”.

Quanto tinha cerca de 20 anos – período em que começou a lecionar Artes nas escolas de Formiga – ela começou a se preocupar com a economia dos recursos hídricos. “Eu sabia que, em algum momento, a água poderia acabar”, afirma. 

Na sala de aula, os alunos, que passaram por ela durante os 40 anos de profissão, ouviam sobre como consumir a água de forma consciente porque o recurso poderia ficar escasso um dia. Mal sabiam eles que dona Lola sempre esteve certa. As chuvas, que normalmente enchem as represas em janeiro, estão em falta. “Ainda jovem, entendi a importância de economizar. Como cresci no interior, sempre me preocupei muito com o meio ambiente e o consumo consciente de todos os recursos naturais”, destaca Dona Lola.

E ela não dá moleza para ninguém. Sempre que vê alguém desperdiçando água, chama a atenção.

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