Terreiro de umbanda teve imagens quebradas e lixo espalhado pelo local (Acervo Pessoal)
A intolerância religiosa tem provocado uma onda de ataques sucessivos aos espaços das religiões afro-brasileiras, em Esmeraldas, na Região Metropolitana. Somente no mês de junho o terreiro de umbanda Fraternidade Jesus Amigo foi invadido três vezes, nos dias 11,18 e 25 de junho.
A última foi na madrugada do último sábado (25) as imagens dos orixás foram quebradas, as plantas e oferendas depredadas e lixo espalhado pelo local. Os três ataques foram denunciados à polícia, mas ninguém foi preso.
“O nosso sentimento é de tristeza. Nossa religião permeia nossa história e ainda assim é vista com preconceito por causa da falta de conhecimento de algumas pessoas”, relata o pai de santo Murilo Vieira.
Para tentar desconstruir esse preconceito, as lideranças dos 12 terreiros de candomblé e de umbanda vão se reunir na principal praça de Esmeraldas, no dia 9 de julho, para um encontro com a comunidade com cantos e rituais.
“Queremos que as pessoas conheçam mais sobre as religiões afro-brasileiras para não ter esse olhar de preconceito, muitas vezes sútil e agressivo”, reflete.
(Terreiro de Candomblé teve paredes destruídas e imagens quebradas)
O terreiro de candomblé Ilê Asé Odé Ayó também foi depredado em Esmeraldas. Lavínia Vasconcelos, filha do Babalorixá Joaquim de Oxóssi, relata que no dia 7 de maio imagens sagradas foram quebradas e material de construção roubado.
“Uma semana depois, os vândalos retornaram e depredaram ainda mais o local. Uma afronta à nossa fé e aos nossos rituais”, desabafa Lavínia. Ninguém foi preso.
De volta para casa
Depois de um mês separada da filha porque a levou a um ritual de umbanda, Liliane Pinheiro pode finalmente voltar para casa, em Ribeirão das Neves, na região metropolitana, com a adolescente de 14 anos, na quarta-feira (29). A menina havia sido levada para um abrigo.
O caso de Liliane é acompanhado pela equipe de advogados do Instituto de Defesa dos Direitos das Religiões Afro-Brasileiras (Idafro). Hédio Silva Jr., doutor em Direito e coordenador-executivo do Idafro.
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