Especialistas garantem que viaduto na avenida Pedro I não corre risco de cair

Sara Lira e Letícia Alves - Hoje em Dia
01/04/2015 às 07:07.
Atualizado em 16/11/2021 às 23:28
 (Wesley Rodrigues)

(Wesley Rodrigues)

O deslocamento de 2,5 cm do viaduto Gil Nogueira, na Pampulha, reacendeu o temor pelo desabamento de elevados recém-construídos na avenida Pedro I, em Belo Horizonte. Em redes sociais, há quem alerte amigos e parentes sobre o perigo de passar por essas estruturas. Porém, especialistas garantem que a reação é exagerada.

Um dos órgãos mais conceituados em construção civil, o Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia (Ibape), informa que não há risco de queda. “O problema constatado é simples de corrigir, tanto que a solução será definitiva, sem necessidade de novas obras”, afirmou o presidente da entidade, Clemenceau Chiabi.

A prefeitura também descarta qualquer possibilidade de uma nova tragédia, tal como aconteceu com o Batalha dos Guararapes, que desabou em julho do ano passado, matando duas pessoas. Em nota, a Defesa Civil informa que “não existe nenhum risco no viaduto Gil Nogueira”.

O município pretende convocar as empresas envolvidas a prestar esclarecimentos, assim como o próprio Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-MG), que teria averiguado o projeto antes da obra, a pedido da própria prefeitura.

Sustentação

De acordo com o presidente do Ibape, o Gil Nogueira cedeu devido a uma má colocação do aparelho de apoio, que serve para sustentar o tabuleiro. “Esse objeto permite que o viaduto se movimente naturalmente, mas, como está posicionado erroneamente, está causando uma pequena fissura”, explica Chiabi.

Para solucionar o problema, serão instaladas peças de neoprene entrelaçadas com chapas metálicas para ocupar o vão. O reparo será realizado no fim de semana. Na última terça-feira (31), funcionários da Cowan, construtora responsável pela obra, escoraram o viaduto.

A Consol, empresa que desenhou os viadutos, credita a falha à execução, que não teria obedecido às indicações do projeto. “É mais uma obra que foi feita sem a presença da empresa projetista”, declarou o proprietário, Maurício de Lana.

Em nota, a Cowan informou que a empresa RCK, contratada pela prefeitura, verificou, posteriormente, um erro nos desenhos do projeto elaborado pela Consol e que a execução obedeceu ao documento.

Evitar parar embaixo de estrutura ou dar a volta pelo bairro são atitudes recorrentes

“Passar em cima de viaduto em BH hoje é complicado”, afirma o prestador de serviços Arnaldo Pinto Soares, de 41 anos. Ele prefere um percurso mais demorado, por dentro dos bairros, a se “arriscar” nos elevados.

O receio não é apenas de Arnaldo. No WhatsApp, o compartilhamento de alertas sobre o risco de passar nos elevados tornou-se viral, talvez pelo histórico recente. Dos sete viadutos construídos na avenida Pedro I em pouco mais de um ano, três apresentaram problemas.

No viaduto Gil Nogueira, que registrou um abatimento na pista, a situação não é diferente. “Dá muito medo. Um já caiu, e a gente não sabe o que pode acontecer com esse aqui”, afirmou a bióloga Karine Luana Alves, de 25 anos, que todo dia precisa atravessar a estrutura no caminho do trabalho.

No Montese, que deslocou 30 cm em fevereiro do ano passado, ainda durante a obra, muitos motoristas ainda evitam parar sob a estrutura. “Algumas pessoas ficaram cismadas e preferem parar antes da faixa”, conta o proprietário de uma oficina próxima, Vanderson Francisco.

A situação é assunto de um requerimento de audiência pública do deputado estadual Iran Barbosa (PMDB). “Deve ser votado nas comissões de Assuntos Municipais e de Segurança Pública”. Segundo o deputado, serão cobradas explicações sobre o inquérito que apura a queda do viaduto Batalha dos Guararapes. O prazo para conclusão termina em 4 de maio.
 

 

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