Suspeita teria ganhado a confiança de investidores por já ter experiência profissional na área
"Ela sustentou que todos os valores que recebeu foram perdidos em investimentos denominados Day Trade", explicou o delegado Rafael Faria (Divulgação / PCMG)
Uma mulher de 37 anos foi presa suspeita de operar um esquema de investimentos irregulares que causou prejuízos a mais de dez pessoas em Minas - total de quase R$ 4 milhões. As investigações tiveram início no ano passado.
A prisão foi realizada na segunda-feira (24) e divulgada na tarde desta terça (25) pela Polícia Civil.
Segundo apurado pela 2ª Delegacia Especializada em Investigação de Fraudes, a suspeita teria ganhado a confiança de investidores por já ter experiência profissional na área de investimentos – inclusive com captação de clientes mediante indicação de outras pessoas que a conheciam –, oferecendo lucros acima das taxas praticadas comumente no mercado.
Segundo o delegado Rafael Alexandre de Faria, a investigada é cadastrada na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) como assessora de investimentos, mas o clube de investimentos criado por ela não possuía número de registro na entidade, portanto, conforme as normas vigentes, sem autorização para operação.
As investigações foram iniciadas em maio de 2024, a partir dos relatos das vítimas – 11 identificadas até o momento – sobre o não recebimento de aportes de valores investidos. Os levantamentos apontam que as transferências pagas a título de investimento eram realizadas para contas pessoais da investigada.
“Ocorre que ela recebeu esses valores, parou repentinamente de repassar qualquer valor para os supostos investidores, deletou as redes sociais e desativou o endereço físico onde ela se identificava como assessora de investimentos, e as pessoas ficaram sem ter conhecimento de nada do que estava acontecendo”, conta o delegado.
As investigações sobre o esquema indicam possível prática de pirâmide financeira – modalidade de fraude em que os retornos financeiros a antigos clientes são custeados a partir dos aportes realizados pelos novos investidores, culminando em colapso.
Os levantamentos indicam, ainda, o envolvimento de familiares da suspeita em ocultação e dissimulação de valores obtidos de forma ilícita, além das vultosas transferências para contas de titularidade da investigada.
Conforme apontam as investigações até o momento, a investigada teria movimentado, entre junho de 2022 e abril de 2024, mais de R$ 12 milhões em transações suspeitas. Considerando as vítimas já identificadas, no total, o rombo ultrapassa R$ 3,867 milhões. “Ainda há diligências em andamento para se quantificar por completo o tamanho do prejuízo financeiro”, adianta o delegado.
Como desdobramento das investigações, a Polícia Civil representou à Justiça por medidas cautelares, com decretação de prisão preventiva da investigada, quebra de sigilo bancário da mulher e familiares que estariam a auxiliando na lavagem do dinheiro, além do sequestro/bloqueio judicial superior a R$ 3,8 milhões das contas bancárias dos envolvidos.
Acompanhada de advogado, em declarações à polícia, a investigada negou a prática de crime.
“Ela sustentou que todos os valores que recebeu foram perdidos em investimentos denominados ‘Day Trade’ [operação de curto prazo feita na bolsa de valores, com início e encerramento no mesmo dia]”, finaliza o delegado Rafael Faria.
As investigações prosseguem para a completa apuração dos fatos. A Polícia Civil orienta que, havendo outras eventuais vítimas, entrem em contato com o Departamento Estadual de Combate à Corrupção e a Fraudes (Avenida Francisco Sales, 780, Santa Efigênia, Belo Horizonte).