(Frederico Haikal/Hoje em Dia)
Há quem nem perceba a presença delas em vários pontos da capital mineira, de tão “incorporadas” à paisagem que estão. Mas os mais atentos certamente notarão se um dia alguma deixar de existir. Reproduções de personalidades importantes na história do país, as estátuas representam o exercício da memória de um povo. A grandeza das peças esculpidas em bronze enche os olhos de quem preza a memória. Segundo o professor do Departamento de História da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Minas Gerais, José Newton Coelho, esculturas e monumentos são uma forma de memorização coletiva. “A construção e a fixação dessas estruturas, distribuídas pela cidade, são um ato valoroso para o local. É algo que identifica a cultura e o valor de determinada coisa ou acontecimento. É uma parte da história que merece ser preservada, lembrada”, afirmou. Na capital dos mineiros, o estado de conservação de muitas delas é bom, apesar de pequenos atentados cometidos por vândalos. Para o artista plástico Léo Santana, criador de várias estátuas Brasil afora, aqui o cuidado é maior. “Mas não podemos generalizar e dizer, por exemplo, que o mineiro é mais educado. Mesmo porque o responsável por pichar a estátua de Carlos Drummond de Andrade no Rio é de Minas”, disse, referindo-se ao ataque contra a imagem do poeta na madrugada de 25 de dezembro, em Copacabana, na capital fluminense. Imagens gravadas por câmeras da região permitiram identificar Pablo Lucas Faria, mineiro de Uberaba, como o autor da pichação. Em junho do mesmo ano, os óculos de Drummond tiveram que ser trocados pela oitava vez, em razão do vandalismo. COLEÇÃO Por aqui, não é preciso ir longe nem caminhar demais para conhecer um pouco da história, imortalizada pelas suntuosas esculturas. Em uma das regiões mais charmosas da capital, a Savassi, é na rua Fernandes Tourinho, por exemplo, que a poetisa mineira Henriqueta Lisboa dá o ar da graça. A estátua, inaugurada em 2006, foi transferida, em 2012, da Praça Diogo de Vasconcelos para o local, em frente ao prédio onde viveu a escritora. Na Praça da Liberdade, não notar o quarteto que encanta os frequentadores da Biblioteca Pública é difícil. Juntos – e imortalizados – há oito anos, Fernando Sabino, Hélio Pellegrino, Otto Lara Resende e Paulo Mendes Campos foram “instalados” inicialmente na Praça Carlos Drummond de Andrade, no bairro São Bento, em outubro de 2005, data escolhida para homenagear Sabino, que morreu naquele ano.