Estiagem faz a dengue recuar nos municípios mineiros

Patrícia Santos Dumont, Ana Lúcia Gonçalves e Gabriela Sales - Hoje em Dia
19/02/2014 às 07:47.
Atualizado em 20/11/2021 às 16:07
 (Samuel Costa/Hoje em Dia)

(Samuel Costa/Hoje em Dia)

A estiagem em pleno período chuvoso teve pelo menos um efeito positivo em Minas: fez o número de casos de dengue cair drasticamente nestes primeiros meses. Em relação ao mesmo período de 2013, os registros da doença, que matou 112 pessoas ao longo dos 12 meses, caíram quase 70 vezes. Até a última segunda-feira, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) havia contabilizado 1.253 casos da doença, contra 85.699 no mesmo período do ano anterior.   A baixa incidência, entretanto, não deve ser encarada como um refresco para a vigilância e prevenção dos focos do mosquito Aedes aegypti. Ontem, a SES anunciou um repasse 10% superior ao de 2013 às cidades consideradas prioritárias no combate à dengue. Dos 853 municípios do estado, 778 receberão R$ 32,2 milhões para enfrentar a doença.   As cidades foram escolhidas com base nos índices de casos e mortes dos últimos cinco anos. O repasse será proporcional ao número de habitantes.   “Estudos mostram que com esse montante, os municípios poderão mais que dobrar o número de agentes percorrendo a cidade, orientando e combatendo possíveis focos. O que queremos é reforçar a vigilância e o trabalho proativo e preventivo, evitando assim que enfrentemos situação semelhante à de 2013”, afirmou o secretário de Saúde, Alexandre Silveira.   Chefe do Laboratório de Biologia Molecular de Insetos do Instituto Oswaldo Cruz, a pesquisadora Rafaela Bruno também reforça a importância das ações individuais de combate à doença.   “É realmente muito bom que os índices tenham baixado, sobretudo em função da pouca chuva, mas é preciso entender que esse fator não funciona isoladamente”, explica. Segundo ela, é preciso ficar atento a potenciais criadouros de larvas, como pratos de plantas, calhas e piscinas.    Repasse   O repasse financeiro total será de R$ 66,2 milhões, divididos em ações de incentivo aos municípios para ações de combate (R$ 32,6 milhões), implantação de Unidades Assistenciais de Resposta Rápida (R$ 12 milhões), comunicação e mobilização (R$ 6,1 milhões), agentes epidemiológicos e aquisição de uniformes e materiais (R$ 15,5 milhões).   Outros R$ 12 milhões ficarão à disposição de municípios que apresentem aumento de casos da doença.   Doze municípios sob risco de epidemia   Dos 135 municípios mineiros que fizeram o Levantamento Rápido do Índice de Infestação por Aedes aegypti (LirAa) este ano, 12 apresentam alto risco de epidemia, de acordo com os parâmetros recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Seis deles com aumento da possibilidade de epidemia, de 2013 para 2014.   As cidades com maior índice são Itabira (7,8%), Governador Valadares (6,7%) e Ituiutaba (6,6%) – o aceitável pela OMS é 1%. O motivo apontado pelo subsecretário de Vigilância e Proteção à Saúde da SES, Carlos Alberto Pereira, é a junção de condições climáticas propícias ao surgimento de larvas do mosquito e a falta de cuidados dos moradores.   Em Governador Valadares, no Leste do Estado, por exemplo, a maior parte dos focos de dengue está nos ralos das casas, que representam 38% do total de criadouros nos imóveis da cidade. A informação é da Secretaria Municipal de Saúde.    A maior incidência dos focos está nos bairros Nova Vila Bretas, Mãe de Deus, Santo Antônio e Altinópolis (com 13,3% de infestação), seguidos por Vila Império, Palmeiras, Jardim Pérola, Kennedy, Bela Vista, Fraternidade, Vila Ozanan e São José com 10%, e Vila Bretas, Vila Mariana, Acampamento, Lourdes e São Geraldo com 9,8%.   Montes Claros tem maioria dos focos nas residências   MONTES CLAROS – Em Montes Claros, no Norte de Minas, o alto índice epidemiológico da doença está relacionado à baixa adesão da população às campanhas de prevenção.evantamento da Coordenadoria de Saneamento e Controle de Zoonoses mostra que mais de 90% dos focos do mosquito estão dentro das casas.   “Infelizmente as pessoas não se mantêm vigilantes no período pós-chuva”, afirmou o coordenador de Saneamento e Zoonose, Edvaldo de Freitas.    Segundo ele, apesar do aumento do índice que classifica o risco de epidemia – de 4% em 2013 para 4,4% este ano – a doença está sob controle. O pior índice já registrado em Montes Claros, 7,8%, foi em 2010.   Uma das principais dificuldades encontradas, segundo Freitas, é o acesso dos agentes epidemiológicos aos imóveis. Prova disso são os números de infestação na parte nobre da cidade, que ultrapassam a média municipal, chegando a 11,63%.

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