Entre as linhas extra estarão algumas que não operam aos domingos (Samuel Costa/Hoje em Dia/Arquivo)
O desrespeito às leis dentro dos ônibus da capital é um problema não apenas para usuários, mas também para as concessionárias que prestam o serviço. O “pulão” nas catracas gera um prejuízo de pelo menos R$ 1,2 milhão por mês, mostra levantamento do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros (Setra-BH).
A entidade garante que a situação é realidade em 35 das 39 empresas que atuam no setor. As linhas 302 (Estação Diamante/Vila Pinho) e 815 (Estação São Gabriel/Conjunto Paulo VI) são as que mais registram evasão.
O não pagamento da passagem, de acordo com o órgão, é registrado tanto no embarque das estações BHBus quanto nos pontos dentro dos bairros. Nesse contexto, há também pessoas que entram pela porta traseira ou que saem pela dianteira dos coletivos sem passar pela roleta.
Chefe do departamento de Transporte do Setra-BH e coronel da reserva da Polícia Militar, Roberto Lemos diz que o problema pode impactar no preço das tarifas. “O valor é calculado com a divisão do custo operacional pelo número de usuários contabilizado nas catracas. Portanto, com menos gente passando pelas roletas, há o aumento da quantia”.
O quadro de horários também é organizado a partir da análise da quantidade de passageiros, frisa Lemos. Como consequência, os intervalos entre as viagens podem ficar maiores por conta do baixo registro nas catracas.
Atrito
A situação também é motivo de atrito entre trabalhadores e empregadores, de acordo com o Sindicato dos Rodoviários de BH e Região (STTR). Diretor de Comunicação da entidade, José Márcio Ferreira afirma que muitos motoristas são orientados a impedir que os infratores pulem a roleta, o que, segundo ele, é “inviável e arriscado”.
“Há casos de empresas que tentam responsabilizar o operador por essas passagens não pagas, mas, nessas ocasiões, procuramos a Justiça do Trabalho”, afirma Ferreira. Ele ainda diz que o problema está concentrado nas linhas das periferias. “Infelizmente, as forças de segurança só atuam nos grandes corredores”.
Prevenção
Por nota, a Guarda Municipal informou que as operações realizadas pela corporação, com a presença de agentes nos ônibus e estações, inibem a prática do desembarque sem o pagamento da tarifa.
No entanto, a instituição destaca que “o problema da evasão de passageiros é de responsabilidade da Transfácil (consórcio que reúne as empresas autorizadas a atuar no transporte coletivo em Belo Horizonte), que contrata, inclusive, seguranças para atuar nesta questão”.
A BHTrans também informou que é dever da concessionária coibir a evasão. A Transfácil foi procurada pela reportagem, mas não indicou fonte para comentar o assunto nem se pronunciou por nota.Editoria de Arte