Exame descarta KPC após mortes de quatro bebês em hospital de Uberaba, mas confirma outra bactéria

Rosiane Cunha
rmcunha@hojeemdia.com.br
21/03/2018 às 20:06.
Atualizado em 03/11/2021 às 01:58
 (Edmundo Gomide/UFTM/Divulgação)

(Edmundo Gomide/UFTM/Divulgação)

O resultado dos exames realizados a partir de amostras de sangue dos quatro recém-nascidos que morreram na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (HC-UFTM), em Uberaba, comprovou que não houve contaminação pela bactéria KPC (Klebsiella Pneumoniae Carbapenemase). As informações foram divulgadas em nota pela assessoria do hospital nesta quarta-feira (21).

Em nota, o hospital informou que os bebês apresentaram crescimento da bactéria Enterobacter cloacae multissensível, que não é uma bactéria multirresistente.  "O Hospital de Clínicas continua a investigação para identificar a fonte de contaminação”, diz o comunicado.

De acordo com o HC-UFTM, dos 20 leitos da UTI Neonatal, 18 estão ocupados. Desse total, dois bebês apresentam a bactéria, e estão recebendo tratamento para a infecção.   

Todas as  medidas de higiene e prevenção de infecçõess estão sendo tomadas e a decisão de não receber novos pacientes na UTI Neonatal, nesse período, é uma medida interna de precaução da instituição.

Saiba mais:

A bactéria enterobacter cloacae vive no trato gastrointestinal dos seres humanos como parte de uma população microbiana normal, ajudando a realizar a digestão. Mas às vezes produz infecções oportunistas, por exemplo, quando baixam as nossas defesas, e em outras ocasiões a infecção é por contaminação externa.

Esta bactéria pode produzir infecção no trato urinário, em feridas cirúrgicas (infecção nosocomial quando é produzida no hospital) e bacteremia (infecção no sangue).

Já a bactéria KPC (Klebsiella Pneumoniae Carbapenemase) é uma superbactéria que após ter sofrido uma mutação genética, adquiriu resistência a múltiplos antibióticos (aos carbapenêmicos, especialmente) e a capacidade de tornar resistentes outras bactérias. Essa característica pode estar diretamente relacionada com o uso indiscriminado ou incorreto de antibióticos.

A bactéria KPC pode ser encontrada em fezes, na água, no solo, em vegetais, cereais e frutas. A transmissão ocorre em ambiente hospitalar, por meio de contato com secreções do paciente infectado, desde que não sejam respeitadas normas básicas de desinfecção e higiene.

A KPC pode causar pneumonia, infecções sanguíneas, no trato urinário, em feridas cirúrgicas, enfermidades que podem evoluir para um quadro de infecção generalizada, muitas vezes, mortal.

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