No primeiro quadrimestre deste ano, a chikungunya teve um aumento de mais de 3.251% em comparação aos primeiros quatro meses de 2016, quando 298 casos foram diagnosticados em Minas. Em 2017, foram 9.986 ocorrências no mesmo período. O vírus é novo e reacende o alerta sobre a importância de manter o combate ao Aedes, mesmo fora da estação chuvosa.
Transmitida pelo vetor Aedes aegypti, a chikungunya é uma doença viral que, na fase aguda, apresenta sintomas como febre alta, dor muscular, exantema (erupção na pele), conjuntivite e dor nas articulações (poliartrite). Em Minas Gerais, a circulação autóctone (dentro do próprio território) desse vírus acontece desde 2015.
Para o subsecretário de Vigilância e Proteção à Saúde da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), Rodrigo Said, esse aumento no número de casos pode ser explicado por diversos fatores. Um deles é, justamente, a transmissão da doença pelo mosquito.“Hoje, no nosso Estado, temos todas as condições ambientais, econômicas, sociais e culturais para apresentar alto padrão de circulação e alta densidade. Outro fato é que estamos falando de um vírus que foi recentemente introduzido em Minas, com a sua circulação autóctone identificada no ano de 2015. Ele nunca circulou anteriormente. Assim, não temos proteção em nosso organismo, ou seja, proteção imunológica”, argumenta.
HISTÓRICO
A primeira epidemia documentada dessa doença aconteceu no leste da África, entre 1952 e 1953. Uma curiosidade sobre a doença é que Chikungunya significa “aqueles que se dobram” em swahili, um dos idiomas da Tanzânia. Trata-se de uma referência à aparência curvada dos pacientes que foram atendidos nessa primeira epidemia.
“Ao avaliar os dados históricos das doenças do Aedes em Minas – principalmente da dengue, que tem um padrão de circulação há mais tempo em nosso Estado –, temos transmissão em todos os meses do ano. Ela tem um padrão de circulação endêmica e esse cenário pode se repetir para e zika e chikungunya”, explica Said.
O subsecretário destaca, ainda, que os ovos do mosquito podem sobreviver em um ambiente por mais de 360 dias sem contato com a água. “Assim, o mosquito encontra um criadouro e deposita seus ovos para que, quando chegar no período chuvoso – normalmente final do ano –, eles tenham a eclosão e completem esse ciclo, a partir do contato com a água. Por isso, essa ação dentro das residências tem que ser permanente independente da variação climática”, enfatiza.