Mobilidade

Faixa Azul: PBH aciona Secretaria Nacional de Trânsito para instalar corredor exclusivo para motos

Especialistas em tráfego avaliam ser possível a implantação da nova sinalização em algumas avenidas, desde que as análises considerem de forma criteriosa as dimensões das vias

Bernardo Haddad
@_bezao
Publicado em 24/03/2025 às 07:30.
Para especialista, implantação de pistas exclusivas para motos depende da análise da dimensão das vias, o que inviabilizaria adoção na Cristiano Machado, Pedro II e Amazonas (Maurício Vieira/ Hoje em Dia)

Para especialista, implantação de pistas exclusivas para motos depende da análise da dimensão das vias, o que inviabilizaria adoção na Cristiano Machado, Pedro II e Amazonas (Maurício Vieira/ Hoje em Dia)

Chamado de “Faixa Azul” nas cidades onde foi implantado - como São Paulo -, o corredor exclusivo para motos é uma das apostas da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) para reorganizar o trânsito e garantir mais segurança a pilotos, motoristas e pedestres. A PBH acionou a Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) para tratar do assunto. Especialistas em tráfego avaliam ser possível a implantação da nova sinalização em algumas avenidas, desde que as análises considerem de forma criteriosa as dimensões das vias.

No Brasil, as faixas exclusivas para motocicletas não estão previstas no Código de Trânsito Brasileiro (CTB). A autorização provisória depende do aval da Senatran. Conforme a administração municipal, estudos para a viabilidade técnica da medida já estão em andamento, mas não há previsão para a divulgação dos resultados.

Segundo o consultor em transporte e trânsito, Osias Baptista, o mecanismo funciona bem na capital paulista, mas ainda é experimental. “Tem de se verificar as dimensões das avenidas em BH, para ver se cabe, e compatibilizar com os projetos de faixa exclusiva de ônibus. Possivelmente, na Via Expressa, Antônio Carlos, Pedro I e Andradas seja possível. Nas avenidas Cristiano Machado, Pedro II e Amazonas, dificilmente”, destacou. 

Osias, que também é motociclista, afirma que a faixa azul pode ajudar a reduzir os índices de acidentes em BH, mas também depende dos cuidados tomados pelos pilotos. “Uma questão importante em BH é que praticamente não existe fiscalização de comportamento dos motociclistas, que se sentem à vontade para infringir todas as regras, o que causa grande parte dos acidentes”.

O número expressivo de acidentes envolvendo motos em BH, inclusive, fez o “faixa azul” voltar a ser debatido na cidade. No início do ano, a medida começou a ganhar força na metrópole em meio à “invasão” de serviços de mototáxi. O próprio prefeito em exercício, Álvaro Damião (União), admitiu a possibilidade, que agora retorna à pauta como mais uma tentativa de reduzir o número de acidentes envolvendo os veículos de duas rodas na capital. 

Levantamento elaborado com base nos socorros prestados pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), pelo menos dois acidentes de trânsito envolvendo motos são registrados a cada hora na capital. Somente nos 28 dias de fevereiro, o Samu recebeu 1.405 chamados - foram 50 acidentes com motos por dia.

Os dados do Hospital de Pronto Socorro (HPS) João XXIII também apontam aumento de socorros prestados a motociclistas acidentados. A unidade de saúde referência para essas emergências fez 1.413 atendimentos até o último dia 17. No mesmo período de 2024, foram 1.369. 

Conforme o cirurgião-geral do trauma do HPS, Rômulo Andrade Souki, os acidentes de moto lideram as ocorrências de trânsito com vítimas. Segundo o médico, os ferimentos variam conforme a intensidade da colisão, mas os mais comuns são fraturas e traumatismos. 

“Quanto mais intenso, maior a possibilidade de lesões, maior o risco de mortalidade. A lesão é muito direcionada ao mecanismo de trauma. Se bater de frente com um ônibus, por exemplo, é diferente de bater parado. Os feridos mais graves podem chegar e morrer logo na primeira hora, tudo depende da intensidade”.

O cirurgião revelou que atende muitos acidentes envolvendo motociclistas de aplicativo. “O número desses deslocamentos aumentou, então geralmente recebemos duas vítimas (de um mesmo acidente). Está mais constante”.

A Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec) informou que as empresas associadas contam com um “seguro para acidentes pessoais durante as viagens para os motociclistas parceiros e usuários, que são orientados a seguir as leis de trânsito vigentes, além de receberem conteúdos educativos sobre direção segura”.

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