Falhas na segurança das casas noturnas da capital mineira

Iêva Tatiana - Hoje em Dia
31/01/2015 às 10:28.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:51

Pouco mais de dois anos após a tragédia do dia 27 de janeiro de 2013, que matou 242 pessoas na Boate Kiss, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, várias casas de entretenimento de Belo Horizonte ainda apresentam irregularidades. Em 2014, apesar da redução de 82 estabelecimentos, no total, o número de casos de inadequação às normas de segurança cresceu 11% na comparação com o ano anterior.   De acordo com a Secretaria Municipal Adjunta de Fiscalização, os relatórios das vistorias realizadas nas nove regionais da cidade – divulgados nesta semana – mostram que quase 40% das casas de shows, boates e espaços de festas e eventos estão em desacordo com as regras de funcionamento.   Segundo o presidente do Sindicato dos Bufês de Belo Horizonte e Região Metropolitana, João Teixeira Filho, logo após o episódio de Santa Maria, houve grande interferência dos órgãos de fiscalização nas casas noturnas de BH, mas, depois de um tempo, muitas voltaram a funcionar mesmo sem terem se adequado.   “Muitos espaços foram fechados e receberam um prazo definido para a reabertura. Mas a notícia que tivemos foi a de que novos locais foram abertos e mesmo ostradicionais continuaram funcionando sem alvará”, observa.   Riscos   Para o professor do programa de mestrado e doutorado em Administração da Universidade Fumec, Daniel Pardini, autor de estudos sobre segurança em grandes eventos, o “jeitinho” brasileiro favorece esse cenário de negligência, podendo, inclusive, resultar em fatalidades.   “As leis só vêm depois que o fato ocorre, mas temos grandes problemas para a legislação entrar em vigor, o que contribui para a impunidade. No caso da Boate Kiss, por exemplo, houve 34 envolvidos, quatro indiciados e ninguém está preso”, avalia.   Conforme o professor, a situação é ainda mais grave na perspectiva do cliente, que desconhece a real situação do estabelecimento. “As pessoas vão a lugares como esses para se divertir. Elas têm que acreditar que os órgãos públicos estão exercendo a função deles e que o empresário está bem intencionado em termos de segurança”, afirma.   Precaução   Embora também reconheça essas limitações, o engenheiro de Segurança do Trabalho Alex Giudice lista alguns cuidados que podem, sim, ser tomados por quem frequenta as casas noturnas, a começar pelas saídas de emergência.   “A preocupação maior é por onde sair. Essas saídas não são comuns, têm que ser largas para dar boa vazão ao contingente que está no ambiente. Elas precisam ser de fácil acesso, sem obstáculos como roletas ou degraus”, destaca.   Sinalização luminosa, faixas refletivas e lotação da casa são outros fatores que o engenheiro acrescenta à lista dos itens que podem ser observados pelo público.

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