(Divulgação/Polícia Federal)
A cuidadora de idosos que se passava por enfermeira em Belo Horizonte e aplicou supostas vacinas contra a Covid-19 em empresários do setor de transporte, em uma garagem na capital mineira, também teria imunizado moradores de um prédio de luxo no bairro Gutierrez, na região Oeste. Um vídeo divulgado pela rádio Itatiaia e portal G1 mostra a mulher chegando ao local com duas sacolas e vestindo um jaleco branco.
Segundo informou o G1, nesta terça-feira (4), investigações da Polícia Federal indicam o suposto envolvimento da mulher na vacinação dentro do condomínio. O fato teria ocorrido por três vezes no mês passado, nos dias 5, 17 e 22. Moradores de ao menos três apartamentos teriam sido imunizados. Eles teriam pago R$ 600 pelas duas doses, mesmo valor desembolsado pelos empresários vacinados na garagem do bairro Caiçara, na região Noroeste.
Ao Hoje em Dia, a Polícia Federal informou que duas pessoas serão ouvidas sobre o caso na tarde desta terça. A corporação, porém, não divulgou os nomes dos envolvidos. Um terceiro depoimento estava marcado para a manhã desta terça, mas foi adiado à pedidos de advogados.
Filho e genro indiciados
No início da tarde de hoje (6), a PF informou que o filho e o genro da suposta enfermeira foram indiciados pelos crimes de falsificação e adulteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais, além de associação criminosa. As penas podem chegar a 18 anos de prisão, caso condenados.
Já a suposta enfermeira, quando presa em flagrante, foi indiciada pelo crime de falsificação e adulteração.
Ao menos 100 pessoas teriam sido vacinadas
De acordo com a corporação, o número de vacinados pela cuidadora de idosos que se passava por enfermeira passa de cem. Nessa segunda (5), mais quatro pessoas em investigação foram ouvidas e novas oitivas estão previstas.
A PF também informou que o material apreendido será periciado. Entre os itens, há cartões de vacinação com indicação da aplicação das doses do imunizante com o nome da Pfizer, seringas e caixas térmicas com as doses. A corporação disse que trabalha com as hipóteses de que as vacinas tenham sido importadas ilegalmente.
Histórico
A ação policial foi deflagrada após reportagem da revista Piauí, publicada em 24 de março, ter revelado, por meio de vídeos, a vacinação clandestina de empresários e políticos dentro de uma das garagens de uma empresa de transporte.
Em nota, a Pfizer negou “qualquer venda ou distribuição de sua vacina contra a Covid-19 no Brasil fora do âmbito do Programa Nacional de Imunização”. Ainda segundo a empresa, o imunizante Comirnaty ainda não está disponível na nação.
Em oitivas no último dia 29, os empresários que teriam sido vacinados admitiram a aquisição dos medicamentos. No dia seguinte, os agentes cumpriram dois mandados de busca e apreensão na casa da suposta enfermeira e do filho.
A mulher foi presa em 31 de março e encaminhada à penitenciária Estevão Pinto, na capital mineira, mas foi solta provisoriamente no último sábado (3) após ter o pedido de habeas corpus aceito pela Justiça.