Fatores psicológicos podem causar ou agravar doenças que afetam a pele

Ana Júlia Goulart
agoulart@hojeemdia.com.br
16/04/2018 às 06:00.
Atualizado em 03/11/2021 às 02:21
 (Pixabay/Divulgação)

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Feridas, coceira excessiva, acne e até lesões graves na pele podem ter origem emocional. De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), casos desse tipo estão crescendo e a estimativa é a de que quase metade dos problemas dermatológicos que chegam hoje aos consultórios tenham o fator psicológico como causa ou agravante. 

Especialistas acreditam que a relação da pele com o cérebro, que produz essas reações no corpo, começa ainda na formação do feto. Como as duas áreas se desenvolvem praticamente no mesmo momento, acabam ficando interligadas. 

“Há uma relação direta entre os dois. Antigamente, era apenas suposição. Hoje, já é comprovada a atuação dos comandos da mente na derme”, explica a dermatologista membro da SBD, Ivonise Follador. 

As feridas podem aparecer de repente na pele ou após picos de tensão e estresse. Entre os problemas mais comuns, a psoríase. Além de fatores genéticos, a mente é causadora das pequenas lesões e pode agravar o problema. 

Para Ivonise Follador, é o corpo dizendo que algo não anda muito bem. “A pele dá esse sinal e reage às crises psicológicas”, observa. 

Crianças e adolescentes também podem desenvolver doenças de pele causadas por fatores psicológicos, principalmente ao passar por alguma situação traumatizante. Estudantes em véspera de vestibular, por exemplo, são personagens comuns no desenvolvimento de patologias dermatológicas

Alívio

Se algumas lesões aparecem de forma natural na pele, outras são causadas pelos próprios pacientes. Para quem sofre de escoriação neurótica, por exemplo, coçar, furar, ou lesionar a área é um ato de relaxamento e funciona quase que como uma “meditação” para os doentes. 

“A maioria das lesões acontece em áreas fáceis de alcançar. Frequentemente os pacientes desenvolvem escoriações neuróticas em dermatoses pré-existentes, como foliculite e acne”, descreve a psiquiatra Flávia Mello Soares, diretora da Clínica Mangabeiras.

Assim como para os pacientes com tricotilomania, arrancar os cabelos alivia os problemas da mente. O ato repetido pode causar queda dos fios e até a alopecia, conhecida como calvície. 

Diagnóstico

A precisão na identificação do problema, desde o primeiro momento, evita medicamentos desnecessários e uma demora ainda maior na resolução. 

“Apesar de a identificação clínica do problema só se cravar após a consulta com um dermatologista, todo o processo de avaliação é importante para entender a causa do problema que, muitas vezes, é subjetiva até para o paciente”, ressalta a coordenadora do curso de enfermagem das Faculdades Kennedy, Débora Gomes. 

Perguntas sobre a rotina e perdas recentes são feitas nesta primeira etapa. O processo de anamnese (histórico dos sintomas narrados pelo paciente) auxilia o médico, que já começa o trabalho sabendo das possíveis causas. 

Tratamento

Segundo Débora Gomes, o tratamento é demorado e envolve, além de medicamentos e consultas psicológicas, necessidade de melhora de vida. “É necessário que esse paciente busque ter uma vida mais tranquila, alimentação mais saudável, faça exercícios físicos e até meditação”. 

Nesse processo, a preocupação com aparência pode prejudicar a recuperação. 
Alguns pacientes mais antenados à beleza podem até abandonar o tratamento e agravar os problemas psicológicos. Isso acontece pela visibilidade das lesões que chamam a atenção de outras pessoas. 

"Por isso é tão necessária essa integração médica para que o problema não retorne e para que o paciente fique bem emocionalmente”, expõe Débora Gomes. Editoria de Arte / N/A

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