Depois conseguir adiar o julgamento, no mês de agosto, e ficar preso por 20 dias, o fazendeiro Adriano Chafik volta ao banco dos réus nesta quinta-feira (10). Ele é acusado de ser mandante do crime que ficou conhecido como "Chacina de Felisburgo", ocorrido em 2004. Na ocasião, cinco trabalhadores rurais e 12 pessoas ficaram feridas, inclusive crianças. Chafik é acusado de homicídio qualificado, tentativa de homicídio, incêndio e formação de quadrilha. A pena pode chegar até 30 anos de prisão.
Além do fazendeiro, que conseguiu ser solto com um habeas corpus aprovado pelo STJ, outros três homens também devem ser julgados nesta quinta-feira.
O crime
A "Chacina de Felisburgo" aconteceu em 20 de novembro de 2004 no acampamento Terra Prometida, na fazenda Nova Alegria, em Felisburgo, no Vale do Jequitinhonha. Na ocasião, cinco trabalhadores rurais - Iraguiar Ferreira da Silva, de 23 anos, Miguel Jorge dos Santos, de 56, Francisco Nascimento Rocha, de 72, Juvenal Jorge da Silva, de 65, e Joaquim José dos Santos, de 48 - foram assassinados e cerca de 12 pessoas ficaram feridas, inclusive crianças.
As cinco vítimas foram executadas com tiros à queima-roupa. O fazendeiro Adriano Chafik, principal réu do processo, confessou ter participado do crime, mas poucos dias depois conseguiu, por meio de habeas corpus, responder ao processo em liberdade.
As famílias sem terra montaram acampamento na fazenda Nova Alegria em 2002 e tinham denunciado à Polícia Civil algumas ameaças por parte dos fazendeiros. No mesmo ano, 567 dos 1.700 hectares da fazenda foram decretados pelo Instituto de Terra de Minas Gerais (ITER) como terra devoluta, ou seja, área do Estado e que deveria ser devolvida para as famílias.
Quase nove anos depois da chacina, as famílias ainda vivem no assentamento e aguardam que parte da área seja desapropriada. Iniciado há 14 anos, o processo agora tramita no Superior Tribunal de Justiça (STJ).