(Lucas Prates)
O anúncio do fim do seguro Danos Pessoais causados por Veículos Automotores de Via Terrestre (Dpvat) divide opiniões. De um lado, há quem defenda que a medida é positiva pois colocará fim às fraudes envolvendo o pagamento dos benefícios. De outro, há o argumento de que repasses importantes deixarão de ser feitos, prejudicando o atendimento de acidentados na rede pública de saúde.
Na última década, mais de 480 mil indenizações foram pagas em Minas. Neste ano, apenas de janeiro a outubro, foram quase 32 mil – uma média de cem por dia.
A aposentada Maria Inêz Xavier Almeida, de 66 anos, foi atropelada no Centro de Belo Horizonte e afirma que o direito ao seguro fez diferença. Ela foi atingida em cima de uma calçada, na rua dos Aimorés, por um veículo que perdeu o controle depois de uma batida.Lucas PratesO seguro Dpvat é um direito de qualquer cidadão acidentado, seja ele motorista, passageiro ou pedestre
No Hospital de Pronto-Socorro (HPS) João XXIII, a idosa ficou sete dias no CTI e mais um mês internada antes de voltar para a casa. “Tive fratura exposta no fêmur e trinquei a coluna em dois lugares, além de sofrer cortes na cabeça”, relata a mulher que, depois do ocorrido, não conseguiu mais trabalhar. “O dinheiro que recebi não era muito, mas me ajudou demais naquela circunstância”.
Prejuízo
Professor de Segurança Viária do Cefet-MG, Agmar Bento afirma que a extinção do Dpvat pode prejudicar a todos que trafegam pela cidade. Hoje, detalha o especialista, a maior parte dos gastos públicos ligados ao trânsito está na recuperação de pacientes acidentados. “Com o fim do seguro, o dinheiro vai precisar vir de outra fonte. Todos saem perdendo”, analisa.
Já para Márcio Aguiar, especialista em transportes e professor da Fumec, o benefício tem irregularidades que já geraram muita polêmica. “Já foram constatados pagamentos indevidos e vários outros problemas. Acabar com ele e estudar outras formas de garantia não será ruim”.
Impacto
Diretor Assistencial da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), o médico Marcelo Ribeiro acredita que o fim do seguro não trará grandes impactos ao HPS João XXIII, principal referência no atendimento de politraumatismos em Minas.
“O repasse de 50% do Dpvat que deveria vir para o hospital, na prática, não vem. O atendimento às vítimas de acidentes de trânsito hoje, por aqui, é 100% custeado pelo Estado. Portanto, não fará tanta diferença”, explica.