(Ascom/Viçosa)
Uma população inteira à espera das férias. É o que acontece em Viçosa, na Zona da Mata. O fim do período letivo, nesta sexta-feira (14), na universidade federal (UFV) poderá amenizar a escassez de água no município – castigado, como outros em Minas, pela falta de chuvas em pleno mês de fevereiro. A expectativa é a de que o descanso de alunos e professores, adiado devido à greve de 2012, implique na saída de 20 mil pessoas da cidade, que tem 76 mil moradores.
Choveu na segunda-feira passada, mas o volume (19 milímetros) é considerado baixo. Equivale a 5% do consumo diário da água do reservatório do ribeirão São Bartolomeu. Também pouco impactou no nível do rio Turvo, outra fonte de captação.
Por isso, está mantida a determinação da prefeitura de multar quem desperdiçar água. Além de desembolsar R$ 70, o morador autuado terá o fornecimento de água cortado por 24 horas. A punição dobra em caso de reincidência.
Até a última quarta-feira (12), 19 pessoas já haviam sido notificadas. O número é menor do que o de Cambuquira, no Sul de Minas, onde 24 estão sujeitas ao pagamento de R$ 132. A maioria lavava calçadas.
Dedo-duro
Em Viçosa, além de colocar carros de som nas ruas, o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) intensificou a divulgação do disque-denúncia, uma estratégia para colocar um morador de olho no outro e todos contra o desperdício.
Desde o decreto de alerta, publicado no dia 7, as denúncias aumentaram 20%, calcula o presidente do Saae, Sânzio Borges. Basta ser denunciado para receber a notificação, adverte. Se for flagrado, o morador não escapa da multa e do corte temporário da água.
Segundo Sânzio Borges, janeiro foi um mês atípico, o mais seco dos últimos 30 anos. Em três condomínios, o abastecimento é feito por caminhões-pipa: dois do Exército e três da prefeitura. “De uma hora para outra, a vazão cai. Se continuar assim, amanhã (hoje) outros pontos isolados e a parte alta da cidade ficarão sem água”.
Sessenta por cento da água que abastece Viçosa é captada no Ribeirão São Bartolomeu, onde a vazão era, na terça-feira, de 80 litros por segundo, 20 a menos do que o normal. Quando o primeiro alerta foi dado, na semana passada, não chegava a 40l/s, menos da metade do necessário para atender todas as torneiras.
Sul de Minas
Em Cambuquira, bairros da parte alta são abastecidos desde janeiro por caminhões-pipa. O presidente do Saae local, Gustavo Borges, diz que a vazão atual, de oito litros por segundo, é insuficiente para os 13 mil habitantes. “Vamos colocar a Estação de Tratamento de Água (ETA) em funcionamento dentro de 30 dias, captar água do Rio São Bento e resolver o problema. Antes disso, a alternativa seria fazer chover, mas isso não podemos”, diz.