(Divulgação/Bernardo Portella/Fiocruz)
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) vai iniciar um grande estudo clínico no Brasil, parte de uma ação global da Organização Mundial da Saúde (OMS), sobre a covid-19. A fundação será a responsável, no Brasil, pela liderança do ensaio clínico Solidariedade (Solidarity), lançado na sexta-feira (20) e que avaliará as melhores formas de tratamento para o novo conoravírus.
Para tanto, já foi iniciada a construção do Centro Hospitalar para a Pandemia de Covid-19, uma expansão do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz). O local, uma unidade hospitalar de montagem rápida, vai ofertar, nos próximos 40 dias, 100 leitos para pacientes graves da doença e, posteriormente, mais 100 leitos.Divulgação/Bernardo Portella/Fiocruz
Fundação será a responsável, no Brasil, pela liderança do ensaio clínico que avaliará as melhores formas de tratamento para o novo conoravírusi
As vagas serão reguladas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), que indicará os pacientes a serem encaminhados para o local, que terá leitos para tratamento intensivo e semi-intensivo.
A diretora do INI/Fiocruz, Valdiléa Veloso, explicou que o estudo será feito em 18 unidades hospitalares, em 12 estados: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul, Bahia, Pernambuco, Ceará, Pará e Amazonas.
“Ameaças globais exigem respostas globais e operação global. Essa é a importância desse estudo. Nós fizemos um levantamento, existem muitos ensaios, mas a maioria inclui um número muito pequeno de casos, com o risco de não conseguirem dar a resposta para a pergunta: que medicamentos funcionam e que medicamentos não funcionam”, disse Veloso.
O objetivo do ensaio clínico é dar uma resposta rápida sobre que medicamentos são eficazes no tratamento da covid-19 e quais não são. Segundo a diretora do INI/Fiocruz, serão inicialmente utilizadas quatro linhas de tratamento, que podem ser descartados ou intensificados no decorrer do tempo, de acordo com as respostas obtidas na evolução clínica dos pacientes. Elas incluem o uso exclusivo ou combinado de cloroquina, hidroxicloroquina, rendezivir, lopinavir, ritonavir e interferon.
No Brasil, o principal centro do estudo será o que está sendo construído no INI/Fiocruz. No Rio de Janeiro participarão também os hospitais da Universidade Federal Fluminense (UFF), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) e Hospital dos Servidores.
A estimativa é fazer o estudo com 1.200 pacientes em todo o país, que serão incluídos após assinar um termo de permissão. Segundo a Fiocruz, o custo será de R$ 4 milhões, com recursos do Ministério da Saúde. Os medicamentos para o ensaio clínico serão enviados pela OMS.
Na coletiva de imprensa on-line promovida pela Fiocruz, o subsecretário-geral da Secretaria de Estado de Saúde (SES), Roberto Pozzan, destacou a importância das evidências científicas para lidar com o problema.
“A epidemia está avançando, está saindo dos hospitais privados e começando a chegar aos hospitais públicos. A SES tem se preparado para esse momento, se articulando com todos os entes e oferecendo alternativas o mais rápido possível para acolher todos os pacientes. Não podemos esquecer a importância da ciência, que melhor responde em momentos de crise. Estamos alinhados ombro a ombro com a Fiocruz nessa questão”.
A presidente da Fiocruz, Nísia Trindade, explicou que os principais objetivos da instituição são salvar vidas e proteger o SUS, contando para tanto com pesquisa, ensino e desenvolvimento científico.
“Temos uma história de 120 anos lidando com emergências sanitárias, em infectologia, combinando vigilância, pesquisa, atenção básica e especializada. É essa história que nos permite hoje estar, comprometidos como somos com o SUS, inteiramente voltados para minorar ao máximo os efeitos dessa pandemia, que vão além da saúde”.
Nísia destacou que a Fiocruz montou um observatório da pandemia para acompanhar as implicações sociais e de saúde da covid-19 no Brasil, além de trabalhar em parceria com a organização internacional Médicos Sem Fronteiras, para a troca de experiência em situações de emergência e como outros países estão lidando com a situação.
Ela lembrou, ainda, que a Fiocruz está com um edital aberto para a contratação de mais de mil profissionais de saúde que atuarão no novo centro do INI/Fiocruz e em toda a rede da instituição. Nísia garantiu também que a unidade de produção de medicamentos Farmanguinhos tem capacidade instalada para a produção de remédios para suprir a demanda decorrente da pandemia, assim que for definido qual o melhor tratamento. “É a nossa fortaleza”, disse a presidente da Fiocruz.