(Lucas Prates / Hoje em Dia)
A temperatura indicada nos termômetros somada com a velocidade dos ventos resulta em um conceito muito utilizado durante os períodos de frio intenso: a sensação térmica. A definição foi elaborada para traduzir a temperatura sentida por uma pessoa na prática. É o que explica Lizandro Gemiacki, coordenador do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), na capital.
Na manhã desta terça-feira (30), a sensação térmica de -20,3°C registrada na estação do Cercadinho, no bairro Buritis, região Oeste de Belo Horizonte, deixou moradores com a "pulga atrás da orelha". A reportagem do Hoje em Dia conversou com o especialista do Inmet, que detalha como é feita a medição da sensação térmica.
O especialista explica que sensação térmica é diferente de temperatura. "A sensação térmica é estimada através dos parâmetros meteorológicos. Para determinação em relação ao tempo frio, o cálculo é feito mediante à soma da temperatura momentânea com a velocidade do ar", afirma.
O meteorologista detalha que o cálculo, inclusive, é diferente em relação a períodos frios e quentes. Em caso de sensação de calor elevada, é usado o termo 'índice de conforto térmico', mais influenciado pela umidade do ar.
"Quando a umidade do ar está alta e a temperatura também, a sensação térmica é ainda maior, porque o suor acaba não evaporando e, com isso, a temperatura corporal fica elevada, fazendo com que a pessoa sinta mais calor", conta.
"No frio, quando tem vento, a troca de calor entre o corpo e o ambiente fica maior. Com isso, a temperatura baixa associada aos ventos fortes faz com a sensação de frio aumente", completa.
A sensação térmica é igual para todo mundo?
Lizandro Gemiacki afirma que não. Segundo ele, cada corpo possui uma sensação distinta. Além disso, a sensação térmica é uma "sugestão", não quer dizer que a pessoa vai sentir aquela temperatura.
“Os motivos são os mais variáveis possíveis e são biológicos. Eles vão desde o condicionamento físico, idade, metabolismo, hábitos alimentares, regionalização”, pontua.
Porque há variação no registro de temperatura feito pelas estações do Inmet?
Na manhã desta terça-feira (30), o Inmet registrou temperatura mínima de 9,3ºC e sensação térmica de -20,3°C, na estação do Cercadinho. Já na estação Pampulha, o instituto registrou mínima de 12°C e sensação de 5,8°C. O meteorologista explica que a altitude em que estão localizadas as estações causa a diferença.
"Quanto maior a altitude de uma cidade, mais comuns são as temperaturas baixas. Na estação Cercadinho, além de estarmos em um local mais descampado, estamos a cerca de 1,2 mil metros de altitude. Já na Pampulha, estamos a 900 metros do mar, em um local com mais árvores - o que também bloqueia o vento", explica.
No entanto, ele ressalta que a temperatura registrada na estação Cercadinho é uma estimativa da sensação térmica que foi sentida por moradores de bairros como Belvedere, Mangabeiras e Serra - localizados em regiões mais altas da capital.
Lizandro ainda pontua que a sensação térmica negativa não é incomum no país. "Isso ocorre muito no Sul do Brasil, vai depender do vento, além da sensibilidade de cada pessoa porque cada um tem a sua própria sensabilidade", disse.
O cálculo é padronizado?
De acordo com o coordenador do Inmet, existem diferentes índices de sensação térmica desenvolvidos e cada unidade de observação adota critérios específicos. No instituto, atualmente, é utilizada uma metodologia matemática desenvolvida em uma tese de uma meteorologista de Brasília.
No entanto, ele revela que o método está sendo revisado e adequações devem ser feitas. "Estamos revisando a metodologia, justamente por ser um valor muito extremo. Mas o Inmet utiliza esse cálculo de sensação já há algum tempo", garante.
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