Sem prejuízo ambiental

Fungos e nanotecnologia são base de manta que evita contaminação do solo por petróleo

Da Redação*
horizontes@hojeemdia.com.br
Publicado em 05/12/2022 às 07:00.
 (Divulgação/Ufla)

(Divulgação/Ufla)

Matéria-prima de combustíveis, qualquer objeto de plástico e até asfalto, o petróleo tem um lado vilão: na exploração e no processamento, é comum a contaminação do solo, com impactos ambientais. Contornar isso é um desafio e tanto para cientistas, mas um estudo na Universidade Federal de Lavras (Ufla) pode ser a luz no fim do túnel. A pesquisa levou ao desenvolvimento de um produto ambientalmente sustentável, de baixo custo e inédito para mitigar o problema.

A partir de materiais orgânicos, como substâncias derivadas de fungos, e tecnologia de ponta, como as nanopartículas, foi constituída uma manta biodegradável e solúvel em água. Quando depositada sobre o solo contaminado, atua sobre os derivados de petróleo, a partir do potente arsenal metabólico extraído de fungos, enquanto a própria umidade do solo e do ar lentamente derrete a manta, liberando, gradativamente, as nanopartículas nela contidas, também capazes de neutralizar os efeitos nocivos da contaminação. 

Segundo os pesquisadores, a manta não contém microrganismos, logo não altera a biota do solo (variedade de organismos e microrganismos que vivem nele). A liberação lenta das nanopartículas permite que a contaminação seja atenuada de forma segura. 

O estudo é desenvolvido desde 2020 e atualmente está em processo de pedido de patente. Os fungos utilizados são parte do acervo do Laboratório de Microbiologia Agrícola do Departamento de Biologia da Ufla e, associados às nanopartículas, originam a chamada Síntese Verde de Nanopartículas.

Diferencial
A coordenadora do projeto, Tatiana Cardoso e Bufalo, do Departamento de Física da Ufla, explica que existem no mercado diversas formas de atenuar a contaminação de solos por derivados de petróleo. 

Segundo ela, algumas dessas técnicas oferecerem soluções sustentáveis, mas mesmo assim causam preocupação, já que têm efeitos que podem trazer outros prejuízos à natureza. 

A principal inovação da técnica desenvolvida na Ufla é utilizar materiais e metodologias que são ambientalmente amigáveis, o que é conhecido também como tecnologias eco-friendly, havendo baixo impacto ao meio ambiente. A produção é a partir de bionanomateriais avançados, mais eficientes, seguros e de baixo custo. 

Além disso, a atuação das substâncias extraídas dos fungos, aliada à liberação lenta das nanopartículas pela manta, torna a técnica segura e de fácil aplicação. Entre os ganhos, está, por exemplo, evitar a contaminação da água para uso humano e de animais, cuja exposição a longo prazo apresenta potencial cancerígeno e de danos ao sistema nervoso central.

O estudo conta com o apoio dos professores Eustáquio Souza Dias, Robson André Armindo e Joaquim Paulo da Silva, além de ser tema da dissertação de mestrado da pós-graduanda em Física Izabelly Christiny da Silva. A equipe, chamada de Inovafungi, conta também com professores e colaboradores dos departamentos de Física, Química, Biologia e Engenharias da Ufla.

*Com informações do Portal da Ciência da Ufla

Leia mais:

© Copyright 2024Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por
Distribuido por