NA MIRA DOS LADRÕES

Furto de motos dispara 45% e já representa metade dos crimes envolvendo veículos em BH

Raíssa Oliveira
raoliveira@hojeemdia.com.br
Publicado em 20/06/2022 às 09:30.
Alta de furtos também tem relação com retorno das atividades econômicas após restrições adotadas na pandemia, o que aumentou circulação de motos nas ruas (Fernando Michel/Hoje em Dia)

Alta de furtos também tem relação com retorno das atividades econômicas após restrições adotadas na pandemia, o que aumentou circulação de motos nas ruas (Fernando Michel/Hoje em Dia)

Belo Horizonte enfrenta uma onda de furtos de motos. Os crimes dispararam 45% neste ano e, atualmente, metade dos veículos tomados por bandidos são de duas rodas. Motociclistas reclamam da insegurança e especialistas reforçam a necessidade de conter a receptação para o desmanche, que alimenta o delito.

De janeiro a abril deste ano, 1.199 motos foram furtadas a capital, contra 823 no mesmo período do ano passado, segundo dados da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Minas (Sejusp).

Vítima de ladrões, a auxiliar de farmácia Geovanna da Silveira Nascimento, de 25 anos, conta que teve a moto furtada na avenida do Contorno, no bairro Santa Efigênia, na última terça-feira, enquanto estava no serviço.

“Fui trabalhar e quando voltei no horário de almoço não estava onde deixei. Chorei tanto, é uma sensação de impotência”, conta a jovem, que acorda às 5h para trabalhar e, à noite, vai para a faculdade, sempre de moto. “Batalho muito e alguém rouba meu bem, fruto do meu esforço”, desabafou a moradora de Ibirité, na Grande BH. 

Casos como o de Geovanna se repetem todos os dias. Na avaliação do especialista em segurança pública e professor universitário, Luís Flávio Sapori, o crescimento dos furtos pode estar associado ao retorno das atividades econômicas com o relaxamento das medidas restritivas adotadas na pandemia, que acarretou em maior circulação dos veículos. 

“Ano passado foi um período crítico da pandemia e tinha restrição. Estamos, agora, retornando para os patamares de criminalidade pré-pandemia. As pessoas voltaram a circular mais e os automóveis ficaram mais expostos”, afirma. 

O especialista avalia que há uma facilidade maior no desmanche de moto. Para Sapori, a receptação e clonagem alimentam a maior parte dos crimes.

“O furto está associado com o mercado de venda de peças usadas. O comércio paralelo dessas peças é ilegal, mas também é histórico no Brasil e no mundo. O roubo acontece porque tem um mercado que acaba absorvendo. E, lamentavelmente, temos pessoas que consomem”.

Cuidados

Luís Flávio Sapori diz que alguns cuidados podem dificultar a ação dos bandidos. “Depende da capacidade do proprietário de usar tecnologias de proteção. Podem ser algumas questões físicas, como travas e correntes, ou mecanismos eletrônicos, como alarme, dispositivo de corte de ignição”.

Além disso, ele destaca que as polícias Militar e Civil precisam combater a receptação desses objetos.

Patrulha

Por meio de nota, a Guarda Municipal informou que atua de forma a garantir a segurança dos moradores e do patrimônio público em todas as regiões da capital, com rondas periódicas preventivas a pé e em viaturas. As ações contam com o apoio de 3,2 mil câmeras.
A Polícia Civil e a PM foram procuradas, mas não houve retorno até o fechamento desta edição.

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