A Polícia Civil do Espírito Santo investiga um golpe de clonagem do WhatsApp que já fez vítimas em pelo menos três estados. Na última semana, dois moradores de Vitória, no Espírito Santo, tiveram o WhatsApp clonado e parentes e amigos ludibriados para transferir valores a terceiros. Casos também foram registrados em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, e no estado do Maranhão. Em Minas Gerais, o chefe do Departamento Estadual de Investigação de Fraudes, Rodrigo Bustamante, informou que não há registros do golpe.
Segundo a delegada Cláudia Dematté De Freitas Coutinho, titular da delegacia de Repressão aos Crimes Eletrônicos do Espírito Santo, a suspeita é que funcionários de operadoras estejam envolvidos no esquema. Primeiro, estelionatários clonam contas telefônicas de celular e habilitam o número da vítima em outros chips.
Caso a vítima não tenha realizado a verificação em duas etapas do WhatsApp (uma atualização de segurança), os golpistas conseguem clonar também a conta nesse aplicativo. A partir daí, eles se passam pela vítima e começam a pedir dinheiro emprestado para os contatos mais próximos dela como pais, marido, esposa e amigos. Como o golpista tem acesso a informações de conversas e fotos do aplicativo, ele consegue convencer o parente ou amigo mais facilmente.
Vítima teve R$ 1.800 transferidos por amigos
Uma das vítimas mais recentes é um advogado, morador de Vitória, que teve o celular clonado na última terça-feira (1º). Por volta de 20h40, ele recebeu uma ligação da ex-mulher, que é médica, falando que o celular dela estava sem sinal e que na conta do WhatsApp aparecia uma mensagem informando que o aplicativo estava sendo usado em outro aparelho. "Como a linha estava no meu CPF, liguei para a operadora e informei o problema. Na sequência, o meu próprio celular também ficou sem sinal e, no WhatsApp, a mesma mensagem de que a conta estava sendo usada em outro aparelho", contou o advogado.
O advogado precisou ir até a loja da operadora para comunicar o problema e quando chegou lá descobriu que a linha tinha sido transferida para um aparelho em Campos dos Goytacazes, no interior do Rio de Janeiro. "Nesse tempo de deslocamento, mais 40 minutos esperando para ser atendido, eles (os golpistas) conseguiram que uma sobrinha e uma amiga fizessem o depósito de R$ 900 cada uma", afirmou.
Outros dois amigos do advogado, um acupunturista e um professor de Direito, também tiveram o celular clonado, mas nenhum contato deles fez o depósito. Os dois ainda não procuraram pela Polícia Civil. Quanto aos contatos da ex-esposa do advogado, uma prima e um amigo realizaram a transferência, uma de R$9 00 e outra de R$1.500.
Aprenda como se proteger
A primeira orientação da Polícia Civil do Espírito Santo é fazer a atualização de segurança ou verificação em duas etapas (veja quadro abaixo). O especialista em tecnologia, Ronaldo Prass, alerta ainda que, além da atualização do WhatsApp, o ideal é a pessoa ter uma conta de e.mail diferente da informada na ficha de dados da operadora para receber o link da nova senha. "Se a pessoa colocar o mesmo e.mail informado para operadora, é só uma etapa a mais para o golpista habilitar o celular da vítima. Então, tenha uma conta só para isso. É um pouco chato, mas segurança não tem preço", orienta.
Ronaldo Brass ainda critica o acesso que os atendentes tanto das operadoras quanto os terceirizados têm aos dados dos clientes. "Nos casos atuais, se você observar, as vítimas são sempre pessoas com dinheiro, advogados, médicos... As vítimas são escolhidas a dedo por causa do valor da conta de telefone. Dados aos quais os atendentes têm acesso", explica.
O especialista em tecnologia reforça que é preciso ter bom senso quando se recebe uma mensagem pedindo a transferência de qualquer quantia. "Não se pode dar credibilidade demais ao WhatsApp. É preciso verificar com a pessoa pessoalmente antes de fazer a transferência", orienta.
A reportagem do Hoje em Dia procurou a Agência Nacional de Telecomunicações, responsável pela fiscalização das empresas de telefonia, para falar sobre as questões de segurança no setor, mas a Anatel ainda não se pronunciou sobre o assunto.
O Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviço Móvel Celular e Pessoal (SindiTelebrasil) defendeu, por meio de nota, que a operadora é tão vítima quanto o consumidor. "Entendemos que é crime a contratação de serviços de telecomunicações com dados de outras pessoas, obtidos muitas vezes por furto de documentos".
Para evitar fraudes, as empresas de telecomunicações garantiram que investem em sistemas de segurança e proteção ao cliente, que somam mais de 330 milhões de acessos, entre telefonia fixa, celular, conexão à internet e TV por assinatura. "As prestadoras defendem que ações criminosas sejam apuradas e punidas pelas autoridades competentes", informou o SindiTelebrasil.
Para quem foi vítima do golpe, a orientação é procurar a Polícia Civil e fazer a denúncia.
Saiba como fazer a atualização de segurança ou verificação em duas etapas: Polícia Civil/ES Polícia Civil/ES Polícia Civil/ES Polícia Civil/ES Polícia Civil/ES Polícia Civil/ES