(Dione Afonso)
Diante de um déficit de mais de 1.100 médicos no interior de Minas, onde há uma carência de estrutura e de atrativos para o profissional, o Estado propõe a criação de um consórcio público para gerenciar um plano de carreira “revolucionário”. A iniciativa garantiria a ida e a permanência dos trabalhadores em áreas mais necessitadas.
Quem trabalhar em locais mais distantes e tiver mais títulos e especializações será mais valorizado. “Essa proposta, feita em parceria com a UFMG, equalizaria os problemas, valorizando os profissionais por suas qualificações e pelo local de atuação”, explica o secretário de Estado de Saúde, Antônio Jorge Marques.
Levando-se em conta esse tipo de classificação, o plano de carreira poderia eliminar um problema muito recorrente no interior de Minas: o “leilão” de vagas para médicos. “Nós temos, no Norte e no Vale do Jequitinhonha, dificuldades para contratar esses profissionais. Muitos prefeitos nessas regiões não conseguem fixar o médico nem pagando R$ 25 mil por mês”, afirma Antônio Jorge.
União
O assunto começou a ser abordado na quinta-feira (23), junto com o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, na apresentação de resultados do Programa de Valorização da Atenção Básica (Provab).
Dos 13 mil médicos requisitados por municípios de todos o país, o programa conseguiu arregimentar apenas 29%. São 3.800 especialistas, que vão ganhar uma bolsa mensal de R$ 8 mil e bônus de 10% na prova de residência.
Para trabalhar em 182 municípios mineiros, que requisitaram 1.512 profissionais, apenas 398 aceitaram as condições do Provab.
A falta de especialistas, portanto, ainda está longe de ser equacionada. Nos últimos dez anos, o Brasil acumulou um déficit de 54 mil vagas.
O Ministério da Saúde aposta na entrada de médicos estrangeiros. O tema vem sendo alvo de discussão e polêmica por causa da defesa do governo federal em absorver médicos de outros países, mesmo sem ser submetidos a provas que revalidem seus diplomas.
“Se o profissional é submetido ao processo que revalida o diploma, você não pode decidir onde ele vai trabalhar. Ele pode querer trabalhar no Centro de Belo Horizonte. A nossa grande prioridade é levar para a periferia das grandes cidades e para o interior, onde a população carente vive e mais precisa”, defende o ministro Alexandre Padilha.
Federalismo
Uma proposta endossada, em parte, pelo secretário de saúde mineiro, que acredita que a medida é viável desde que os Estados possam criar normas complementares.
“Eu acho que, além das provas de qualificação do Conselho Federal de Medicina, em que o médico tem de provar possuir qualificação ou não, nós precisamos, Estado a Estado, também colocar no seu rol de responsabilidades a validação desse profissional, porque ele vai estar em contato com uma população que é nossa”, pontuou Antônio Jorge.
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