(Lucas Prates/Hoje em Dia)
Com o metrô de Belo Horizonte operando em escala reduzida desde ontem, passageiros migram para os ônibus, aumentando as chances de aglomeração nas filas e no interior dos coletivos, além da possibilidade de contágio pelo novo coronavírus na capital.
O Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros (Setra-BH) garante ter veículos reserva para reforçar o sistema conforme a demanda. Porém, médicos são categóricos ao afirmar que a situação preocupa. Ontem, a capital mineira ultrapassou a marca negativa de 100 mortes provocadas pela Covid-19.
O avanço da doença motivou a greve dos metroviários. Os vagões só estão funcionando nos horários de pico determinados pela Justiça, das 5h30 às 10h e das 16h às 20h. A restrição obriga quem depende dos trens a optar pelos ônibus.
A estudante de Educação Física Luciene Caetano usou o metrô para ir ao Centro na manhã de ontem. Na volta, deparou com a surpresa da paralisação e encontrou a estação Central fechada. “Não sabia. Agora, vou ter que olhar qual ônibus pegar. Sem o metrô, acho que minha viagem de volta vai demorar mais uns 45 minutos”.
Também ontem, por volta do meio-dia, o Hoje em Dia flagrou um veículo do Move com muitos passageiros em pé, desrespeitando o distanciamento preconizado pelas autoridades de saúde. A lotação nos carros preocupa autoridades e especialistas.
Infectologista integrante do Comitê de Enfrentamento de Combate à Covid da cidade, Carlos Starling explica que os riscos de contaminação no transporte público são altos, pela possibilidade de contato e aglomeração entre as pessoas. “Com mais usuários nos ônibus, maior a probabilidade de transmissão do vírus”, frisou.
Sem conversa
O médico recomenda que os passageiros reforcem os cuidados de segurança. Além do uso obrigatório das máscaras e do distanciamento entre as pessoas dentro dos veículos, a conversa deve ser abolida nos coletivos. “Quanto menos se fala, menor o risco de transmissão e menor a chance de ficar doente. Além isso, é preciso tomar o cuidado de higienizar as mãos antes e depois de usar o ônibus”, ensinou.
Para o infectologista Sidnei Rodrigues, os órgãos públicos estaduais e municipais - de saúde e de transporte – deveriam pensar em medidas para evitar as aglomerações nos ônibus. “É preciso uma ação integrada entre os diferentes entes para garantir que as pessoas fiquem em casa”.
Funcionários
O Sindicato dos Metroviários de BH (Sindimetro) garante que a greve ocorre em prol da população. “Queremos evitar um colapso do sistema. Hoje, quatro metroviários já receberam o diagnóstico positivo para Covid-19.
Se os funcionários começarem a ficar doentes, o metrô para”, defendeu o presidente da categoria, Romeu Machado. Para o Sindimetro, os passageiros não serão prejudicados, porque os horários em que os trens não vão circular têm baixa demanda.
Além disso:
A empresa que gerencia o tráfego na metrópole disse que tem um plano de reforço das linhas que atendem às estações Vilarinho e São Gabriel. “A BHTrans está acompanhando, juntamente com o COP-BH, e realizando viagens extras, em caso de necessidade”, informou.
Já o Setra-BH declarou que acompanha a evolução da demanda diariamente. “A entidade destaca que ônibus reservas estão à disposição nas estações de integração BHBus (Pampulha, Venda Nova, Vilarinho, São Gabriel, Diamante e Barreiro), prontos para realizar viagens extras, se necessário”.
Atualmente, 60% da frota de 2.853 ônibus realizam 15 mil viagens por dia em BH. O sindicato avalia que o número é suficiente para atender os moradores. “Antes da pandemia, os ônibus realizavam cerca de 24,5 mil viagens por dia, transportando até 1,2 milhão de pessoas. Hoje, o sistema opera com cerca de 40% do número de passageiros que usavam o transporte coletivo antes da pandemia, uma queda de mais de 60%”, explicou.