(Riva Moreira)
Pacientes com dengue estão dividindo atenção e espaço em unidades de saúde de Belo Horizonte com portadores de síndromes respiratórias. Casos de gripe, como a H1N1, chegaram mais cedo à capital este ano, levando muitas pessoas a postos de atendimento e de urgência em abril, quando o esperado seria maio e junho. Os locais já estão sobrecarregados com pacientes picados pelo Aedes aegypti.
Até agora, conforme balanço da Secretaria Municipal de Saúde (SMSA), são 359 confirmações de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) que, dentre outras enfermidades, compreendem gripe e pneumonia. Uma morte por H1N1 foi divulgada nesta semana. Já os casos de dengue somam 4.185, e a pasta ainda investiga outros 14.271.
A antecipação da temporada de gripe em BH obrigou a prefeitura a adiantar o plano de contingência que seria colocado em prática no início da temporada de maior incidência da enfermidade. Para atender as demandas de dengue e influenza, médicos e enfermeiros podem ser contratados a qualquer momento.
Centros de saúde, que estão ficando abertos aos sábados, também devem funcionar aos domingos, disse o gerente de Urgência da SMSA, Alex Sander Pena. “Estávamos elaborando um plano de ações para enfrentar a gripe, e já tivemos que colocar as medidas em prática para atender a essa demanda que surgiu, sobrecarregando a rede de saúde”, explicou o gestor.Editoria de Arte
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Neste sábado (20), os postos Andradas (Venda Nova), Santa Terezinha (Pampulha), Tirol (Barreiro) e São Paulo (Nordeste) irão funcionar, das 8h às 17h, exclusivamente para pacientes com dengue. Nessa Quinta-feira Santa (18), os 152 postos da metrópole também atenderam aos usuários.
A medida é considerada positiva pela infectologista Virgínia Andrade, do Hospital Eduardo de Menezes, referência em doenças infectocontagiosas. A médica afirma que a ampliação da assistência aos pacientes é o que pode ser feito no momento em que o surto de dengue já se instalou.
Virginia Andrade diz que a expectativa é a de que os casos comecem a diminuir nas próximas semanas. “O que já deveria ter ocorrido. Mas como o tempo está instável e ainda há chuvas, os mosquitos continuam se multiplicando”, observa.
Mesmo com unidades cheias, a infectologista alerta às pessoas que apresentem sintomas, tanto de gripe quanto de dengue, a não deixar de procurar assistência. Ela ressalta que muitas acabam desistindo de buscar ajuda profissional por conta da demora no atendimento.
Foi o que aconteceu com o auxiliar administrativo Bruno Gray, de 53 anos. Em 10 de abril, começaram os sinais de que nada ia bem, mas somente no dia seguinte é que ele procurou um centro de saúde. “Já estava com sangramento e suspeita de dengue mais grave”, contou.
Sem tratamento, entretanto, os casos podem ser fatais, afirma Virgínia Andrade. “Principalmente se os sintomas forem fortes, como febre, vômitos, dores abdominais ou sangramentos”.
Risco maior
Além da grande procura pelos serviços médicos, os pacientes podem se deparar com mais um problema, alertam especialistas. Apesar de improvável contrair as duas doenças ao mesmo tempo, pessoas que tiveram influenza, por exemplo, podem sofrer se, na convalescença (período de transição depois de uma enfermidade), forem picados pelo Aedes.
Esse quadro ocorre porque o doente está com a imunidade mais baixa. “Ambas as doenças acabam impactando na saúde da pessoa. Na convalescença, o organismo está mais suscetível a uma outra infecção”, explica o infectologista Adelino de Melo Freire Júnior, da Unimed-BH.
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