Grito dos Excluídos poupa Dilma e ataca Levy, Eduardo Cunha e mídia

Thiago Ricci - Hoje em Dia
07/09/2015 às 11:47.
Atualizado em 17/11/2021 às 01:40
 (Thiago Ricci / Hoje em Dia)

(Thiago Ricci / Hoje em Dia)

O tradicional Grito dos Excluídos, realizado todo dia 7 de setembro desde 1994, percorreu o Centro de Belo Horizonte na manhã desta segunda-feira (7) com ataques ao ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e seu ajuste fiscal, ao presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e à mídia. A presidente Dilma Rousseff, no entanto, foi poupada das críticas.   Com cerca de 200 pessoas, segundo a Polícia Militar, e 500, conforme cálculo da organização, o grupo se concentrou na Praça Raul Soares às 9h e, a partir das 11h, caminhou em direção à Praça Sete, onde chegou às 12h30 e se dissipou. O lema do 21º Grito dos Excluídos, organizado pela (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), foi "Que país é esse que mata gente, que a mídia mente e nos consome?".   "Sempre ocorre neste dia porque questionamos que a independência não existe ou, ao menos, ainda falta muito para alcançá-la. Temos matança do jovem pobre e negro e a manipulação de informação impedindo que as pessoas enxerguem a realidade do Brasil. A mídia também consome a pessoa, cada vez mais reconhecida pelo bem material do que pela dignidade", afirmou o bispo auxiliar da Arquidiocese de BH, Dom Luiz Gonzaga Fechio.   Sobre o momento político, Fechio não economizou críticas, apesar de evitar atacar Dilma diretamente. "Não temos partido. Mas a crise evidencia a falta de representatividade atualmente, essa política que nos enoja. Se ainda temos indicadores ruins, não é por falta de dinheiro, mas por esses desvios que nos desolam e exclui. Política é para o bem público e não para o bem privado. A impressão é que se trata atualmente de uma maneira de governar para trazer benefícios privados", criticou o religioso.   Apoio à Dilma   Com bandeiras de diversas organizações, como Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Central Única dos Trabalhadores (CUT) e Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (SindUTE-NG), e movimentos sociais, os integrantes não pouparam críticas à política econômica do governo federal, mas defenderam Dilma.   "Sempre é bom ficarmos alertas com as tentativas de golpe. Quem deve ser afastado da presidência é Eduardo Cunha, que reúne tudo o que tem de pior na política. Lutamos por um governo que invista em políticas públicas. Não é justificável que, neste momento que atravessamos, os bancos lucrem tanto", disse a presidente da CUT-MG e diretora do SindUTE-MG, Beatriz Cerqueira.   O líder do bloco da situação na Assembleia Legislativa mineira, Rogério Correia (PT), participou do movimento e seguiu o tom do grupo. "Somos a favor do afastamento de Eduardo Cunha e do Levy. A política econômica está errada, é preciso taxar as grandes fortunas. Quem tem de pagar pela crise são os mais ricos", disse o deputado estadual.   A deputada federal Jô Moraes (PCdoB-MG) também acompanhou a passeata pela avenida Amazonas. "O Grito tem um simbolismo histórico. Foi criado há 21 anos, quando representava a realidade efetiva. Reduzimos muito a exclusão econômica e social, mas não podemos deixar que avance a exclusão democrática. Não podemos deixar que a crise paire sobre os mais pobres", afirmou.

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