Grupo de engenheiros condena área invadida no Morro do Cafezal, em BH

Renato Fonseca - Hoje em Dia
31/10/2015 às 08:12.
Atualizado em 17/11/2021 às 02:17
 (Frederico Haikal)

(Frederico Haikal)

Erguidas sem critérios técnicos de engenharia em uma área de invasão, 106 casas estão condenadas a vir abaixo no aglomerado Morro do Cafezal, na região Centro-Sul de BH. O risco iminente de uma tragédia foi reafirmado, ontem, pelo Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de Minas Gerais (Ibape-MG).

Um documento atestando o perigo foi elaborado a pedido da Defesa Civil Municipal (Comdec). Vinte profissionais do Ibape, da Associação Brasileira de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica (ABMS) e da Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural (Abece) participaram da elaboração do material.

Em 5 de outubro, em entrevista exclusiva ao Hoje em Dia, o diretor-presidente da Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte (Urbel), Genedempsey Bicalho, alertou sobre os riscos no loteamento irregular.

Uma semana depois, a reportagem foi ao local e conversou com moradores. A maioria é contrária à remoção. “Não estamos com medo e não vamos sair”, disse uma senhora, que mora na região há três anos, mas não quis se identificar.

Precárias

As residências ficam na rua Sustenido e em outras vias próximas. As casas são precárias e foram construídas em um aterro. O solo é composto basicamente por lixo e restos de entulho da construção civil. Os montes de terra têm entre 7 e 14 metros de altura. Para piorar, abaixo existe filito, tipo de rocha suscetível a deslizamentos quando ocorre infiltração de água, conforme lembra o engenheiro civil Gustavo Vianna, da ABMS.

“Podemos afirmar que vai cair. Só não há como precisar quando”, alertou o presidente do Ibape-MG, Clemenceau Chiabi. Conforme ele, como o período chuvoso já começou, não há tempo hábil para realizar intervenções no local.
O coordenador da Comdec, coronel Alexandre Lucas, disse que o estudo reforça todos os alertas emitidos anteriormente pela Defesa Civil. “Essa não é uma disputa de terra. O terreno é privado. Estamos tentando fazer o nosso trabalho, que é a prevenção. Nosso objetivo é evitar que vidas sejam perdidas naquele local”, afirmou.

A Defesa Civil montou um esquema especial de alerta de chuva para os moradores da rua Sustenido. Com base em informações de radares meteorológicos, o órgão pretende monitorar as precipitações e avisar as famílias. “O melhor seria que as pessoas saíssem pela própria segurança delas. Diante da recusa, solicitamos ao Ministério Público o contato de algumas. Conseguimos dez telefones celulares e todos serão acionados, quando necessário”.

No início deste mês, a Defensoria Pública estadual informou a existência de outro laudo descartando o risco. O material foi elaborado por um geólogo e arquitetos. Conforme o documento, intervenções pontuais seriam a solução. Ninguém da Defensoria foi localizado ontem para comentar o estudo do Ibape.

O imbróglio foi parar na Justiça. Conforme a Defensoria, caso o risco seja confirmado, uma decisão deferida pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) obriga o município a fazer o reassentamento das famílias.

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