"Heróis anônimos" arriscam vida para salvar outras

Renato Fonseca e Cristina Barroca - Hoje em Dia
06/11/2015 às 11:44.
Atualizado em 17/11/2021 às 02:22
 (Renato Fonseca)

(Renato Fonseca)

Pessoas sendo levadas pelos braços, crianças e adultos, algumas, até agarradas pelo pescoço, empurra-empurra, gritos e muita correria. Dezenas de pessoas se mobilizaram na tentativa de salvar os atingidos pela tragédia que comoveu o país e o mundo, ocorrida na cidade histórica de Mariana, na região Central de Minas Gerais. Na tarde de quinta-feira (5), duas barragens de rejeitos da mineradora Samarco se romperam e inundaram distritos da cidade deixando pessoas ilhadas. Não há ainda um balanço oficial do número de mortos, desaparecidos e feridos. Há apenas a confirmação de um óbito.

Em menos de meia hora o distrito de Bento Rodrigues foi invadido pelo tsunami de barro, segundo relato das pessoas que ajudaram a socorrer as vítimas do acidente que devastou um total de sete regiões do município. Nesse momento, heróis anônimos surgem em meio à falta de esperança, são pessoas comuns que se arriscaram para salvar outras vidas.

O aposentado José das Graças Caetano, 62 anos, conta que os moradores ouviram estrondos e alguns tremores que se assemelham a terremotos. Foi então que o "boca a boca" sobre o rompimento da barragem começou a correr no local. As pessoas começaram a sair de suas casas para se salvar, muitos, também na tentativa de ajudar vizinhos, amigos e familiares. "Eu comecei a pegar o povo e jogar no meu carro, cada remessa eu levava umas 10 pessoas", contou José das Graças que possui um veículo gol. "Vi muita gente implorando por socorro", completou.

Pessoas que moram na parte alta do distrito colocaram a vida à prova quando desceram para avisar alguns outros moradores que residem na parte baixa da região.

A dona de casa Maria de Lurdes, estava preocupada em salvar os dois filhos pequenos, um de 5 e outro de 6 anos. Ela pegou as duas crianças pelos braços e seguiu correndo em direção ao alto de uma encosta.

Na manhã desta sexta-feira (6), na Arena Mariana, local que tem abrigado sobreviventes, é incalculável o número de voluntários que prestam assistência às famílias desabrigadas e otimizam o trabalho de atendimento às vítimas.

O estudante de administração da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Luiz Otávio Magalhães, 23 anos, perdeu as contas de quantas viagens ele realizou para ajudar na descarga dos caminhões abastecidos de alimentos, roupas e outros materiais necessários para acolher os sobreviventes. "É o mínimo que a gente pode fazer. São pessoas que estão sofrendo muito", afirmou o jovem. Segundo ele, outros universitários da UFOP estão indo para o abrigo prestar ajuda.

Em mais um caso de cumplicidade, a senhora Diomara melo de Oliveira, 87 anos, conta a sua história de como conseguiu sair de Bento Rodrigues e sobreviver à tragédia em Mariana. Ainda muito atordoada e confusa, ela falou sobre o alerta de pessoas da população para que os moradores deixassem suas casas o mais rápido possível e como "heróis anônimos" se revezaram para resgatá-la carregando a mulher nos braços. "Quando um largava, outro pegava", afirmou a idosa.

O clima é de muita comoção e solidariedade.

 

Confira a galeria de imagens da tragédia:

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