História vira pó com demolição de casarões em Juiz de Fora

Renata Miranda - Do Hoje em Dia
03/01/2013 às 11:00.
Atualizado em 21/11/2021 às 20:15
 (FELIPE COURI)

(FELIPE COURI)

JUIZ DE FORA – Casarões imponentes que demonstravam a riqueza de seus proprietários, em sua maioria produtores de café e industriais do início do século 20, foram ao chão com a urbanização de Juiz de Fora. Agora, uma nova onda de demolições promete apagar da história da cidade imóveis construídos a partir da década de 1940.

Neste ano, 86 pedidos de demolição foram protocolados no Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural (Comppac). São 16 solicitações a mais que no ano passado.

No ramo da construção civil, o mais usual quando se demole uma construção antiga é aproveitar o espaço, geralmente em áreas valorizadas, para levantar edifícios.

A falta de revisão no inventário patrimonial do município tem contribuído para essa tendência. Atualmente, o inventário tem 1.150 imóveis registrados, a maioria tombada ou em processo de tombamento.

No entanto, de acordo com o presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), Marcos Olender, o documento perdeu a validade há cinco anos. “Os inventários são feitos para serem atualizados a cada dez anos, pelo menos. Com o de Juiz de Fora, isso não aconteceu”.

De acordo com Olender, sem o inventário, o Comppac corre o risco de aprovar a demolição de prédios de importante valor histórico para a cidade. O conselho deve firmar convênio com a Universidade Federal de Juiz de Fora para que a revisão do documento aconteça.


Tombamento

Segundo o diretor de patrimônio da Fundação Cultura Alfredo Ferreira Lage (Funalfa), Paulo Gawryszewki, o Comppac tem apenas poder consultivo nos casos de pedidos de tombamento e demolição.

Normalmente, os proprietários fazem a solicitação à Secretaria Municipal de Atividades Urbanas. O processo dura três meses e o proprietário tem até 30 dias para contestar. No caso dos tombamentos, é necessário a sanção do prefeito.
O mesmo trâmite serve para os pedidos de demolição. Nesse caso, são levados em conta fatores como a localização, a estrutura e os proprietários. É preciso se certificar para que não haja perdas na história da cidade.

A maioria dos imóveis históricos ou com arquitetura mais antiga fica nos pontos mais valorizados da cidade, que é a região central. Nem proprietários e tão pouco empreendedores aceitam falar sobre valores e o motivo da venda dos imóveis. Mas sabe-se que um casarão na rua Santo Antônio, esquina com a rua Carlota Malta, rendeu cifras superiores a R$ 1 milhão. A casa já cedeu lugar a um prédio com apartamentos de um quarto.

Em outros pontos, tão logo a demolição acontece, há a implantação de estacionamentos. Foi assim com vários casarões da avenida Rio Branco, no trecho entre as avenidas Getúlio Vargas e Presidente Itamar Franco. Aconteceu o mesmo com um chalé de arquitetura normanda que existia no trecho. Um edifício de salas comerciais já está com obras finalizadas.

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