Seis médicos foram intimados para prestarem esclarecimentos à Polícia Civil (PC) sobre a morte de um homem que faleceu após ser mordido pela cunhada, em Passos, no Sul de Minas. Os depoimentos deverão ser colhidos ainda nesta semana A vítima, Nilton José da Silva, de 31 anos, teve uma infecção generalizada após passar etanol, no lugar de álcool comum, na tentativa de desinfetar a ferida. Segundo o delegado Marcos Pimenta, chefe da Delegacia de Homicídios de Passos, suspeita de morder o homem já foi ouvida. Durante o depoimento, o delegado descobriu que ela já tinha mordido outras pessoas. Apesar disso, a mulher não deverá ser indicada por homicídio, já que não houve a intenção de matar. “Neste caso, ela deverá ser indiciada por lesão corporal seguida de morte”. Já os médicos que atenderam a vítima são investigados por negligência. O inquérito sobre o caso deverá ser concluído em 10 de abril. Entenda o caso Em 23 de fevereiro, Nilton tentou separar a briga entre o irmão e a cunhada. Insatisfeita com a intervenção, a mulher mordeu o braço de Nilton. A mãe da vítima orientou ao filho que passasse álcool na ferida para evitar uma infecção. Ele, porém, passou etanol no machucado. Sete dias depois do fato, sentindo forte dor, Nilton procurou uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da cidade. No local, ele foi medicado com anti-inflamatório e antigripal e liberado em seguida. No dia seguinte, a dor se agravou e o homem retornou à UPA. Na ocasião, o médico que fez o atendimento receitou azitromicina, além de outros medicamentos, e Nilton pediu para tomar soro na veia. Durante o procedimento, houve uma troca de plantões e um novo médico avaliou o paciente. Vendo a gravidade do problema, o especialista solicitou a transferência da vítima para a Santa Casa do município. Nilton morreu, em 6 de março, durante uma cirurgia na Santa Casa. Investigação Em 11 de março, desconfiados dos médicos que atenderam Nilton, os familiares dele procuraram uma delegacia de Polícia Civil (PC). O inquérito foi aberto e durante as apurações a PC descobriu que a Polícia Militar (PM) foi acionada no dia da briga, quando Nilton foi mordido pela cunhada. No entanto, a PM não registrou nenhum boletim de ocorrência. “Outra situação que vamos apurar é o motivo pelo qual a Santa Casa não passou o caso para o Instituto Médico-Legal. Todas as vezes que uma unidade de saúde recebe um paciente que sofreu lesões de terceiros e existem suspeitas de crime, o corpo tem que ser examinado por um médico legista da Polícia Civil. A Santa Casa, porém, fez o laudo da morte e o corpo foi enterrado sem o devido conhecimento da polícia”, contestou o delegado Marcos Pimenta. O delegado afirmou que já foi pedido o prontuário médico da vítima para que um médico legista possa fazer uma análise. “Neste caso, a necrópsia será indireta, mas caso o legista não fique satisfeito, será necessário fazer a exumação do corpo”, afirmou Pimenta.