(Editoria de Arte)
Associada na maioria das vezes às mulheres, por conta de hormônios da gravidez e das pílulas anticoncepcionais, a trombose também é um mal que afeta os homens. Nos últimos dez anos, eles lideram as internações por conta da doença em Minas. No ano passado, 2.013 pacientes do sexo masculino foram hospitalizados.
Má alimentação, obesidade, tabagismo e consumo de bebidas alcoólicas estão entre os principais causadores dos perigosos coágulos, que se fixam em veias e artérias, impedindo a circulação sanguínea e formando os trombos.
Existem dois tipos de trombose. A venosa interrompe a volta do sangue bombeado no organismo para o coração e ocorre principalmente nos membros inferiores, como nas pernas.
Já a arterial incide nos vasos que transportam oxigênio para o corpo. Forma mais grave da doença, essa é a mais recorrente nos homens e pode levar a infarto ou Acidente Vascular Cerebral (AVC). Ela está diretamente relacionada a hábitos pouco saudáveis e acúmulo de gordura na parede das artérias.
A enfermidade é silenciosa, ressalta a coordenadora do curso de enfermagem das Faculdades Kennedy, Débora Gomes Pinto. “Não há um sintoma muito evidente logo de pronto. Quando o vaso já está obstruído, a pessoa pode sentir dor no coração, associada à falta de ar e fortes pontadas”, observa.
Professora do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFMG, a hematologista Suely Meireles Rezende explica que uma das hipóteses para que a trombose arterial atinja principalmente o sexo masculino é porque “as mulheres se cuidam mais” e têm o costume de ir ao médico para fazer exames de rotina.
“Os homens se preocupam muito mais em tratar doenças do que em cuidar da saúde. Isso faz toda a diferença. Às vezes, o acúmulo de gordura vai se manifestando ao longo dos anos e ele só procura o médico em um momento grave, lá na frente. É cultural, essa postura vem mudando, mas ainda vai demorar”, explica vice-presidente da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBAVC), Bruno Naves.
Cuidados
O tratamento da trombose pode ser feito com anticoagulantes ou cirurgia. No entanto, médicos afirmam que a melhor forma de evitar o mal é a prevenção. Fazer check-ups, atividades físicas, ter uma dieta saudável, peso equilibrado e lidar bem com o estresse são algumas recomendações.
“A pessoa pode começar a correr, andar de bicicleta, comer menos carne vermelha, manteiga e investir em frutas e saladas. Controlar a hipertensão também é importante”, diz a hematologista Suely Meireles. Deixar de fumar e beber, ou reduzir o consumo dessas substâncias, além de buscar informações sobre o histórico e as tendências familiares, são outras medidas essenciais.
Venosa
Pelo menos uma a cada 500 pessoas terá trombose venosa, segundo o angiologista Bruno Naves. A coagulação, formando trombos, é causada por alterações no sangue, que pode ficar mais grosso por fatores genéticos, ação de pílula anticoncepcional ou de hormônios da gravidez.
Traumas, como acidentes e cirurgia, imobilização prolongada dos membros e obesidade são outros potencializadores.
Mitos e verdades sobre a trombose
É possível prevenir a doença.
Verdade. Além de buscar acompanhamento médico, as pessoas podem adotar medidas de prevenção como caminhar regularmente, controlar o peso, evitar o cigarro e usar meias elásticas no caso de insuficiência venosa, sempre com orientação de um especialista.
Anticoncepcional é uma das principais causas.
Mito. O vilão da história é o estrógeno – hormônio produzido pelos ovários –, que interfere no equilíbrio da coagulação favorecendo a formação de trombos.
Exame de imagem é essencial para o diagnóstico.
Verdade. É imprescindível a realização de um método de imagem sempre quando há suspeita clínica para confirmar e localizar o coágulo.
Gestantes podem desenvolver trombose.
Verdade. O corpo da mulher passa por uma série de mudanças durante a gravidez. O organismo se prepara para o parto, aumentando as substâncias pró-coagulantes no sangue. O resultado é um risco seis vezes maior de trombose durante a gestação. No período de pós-parto, durante aproximadamente 40 dias, o perigo de ter a enfermidade chega a ser 15 vezes maior.
Fonte: Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH)