( Toninho Almada)
Mesmo com um surto da superbactéria KPC, constatado há um ano e meio, a Secretaria de Saúde de Betim, na Grande BH, ainda não sabe o que fazer para conter as infecções no Hospital Regional Professor Osvaldo Franco. Nessa quinta-feira (3), enquanto o recém-empossado secretário Municipal de Saúde, Mauro Silva Reis, reconhecia a situação caótica do local, o diretor interino da unidade revelava que o lugar continuava recebendo pacientes, contrariando recomendação dos órgãos de saúde de reduzir o número de assistidos. De junho de 2011 a dezembro de 2012, 41 pacientes foram infectados pela superbactéria no hospital. Desses, 22 foram "colonizados", ou seja, portavam a KPC, mas não desenvolveram a infecção. Houve 22 óbitos no período, mas as causas ainda são investigadas. Atualmente, há nove pacientes infectados e quatro colonizados. Todos estão isolados, segundo o secretário-adjunto de Saúde e diretor interino do hospital, Élio Conroy. Medidas Um plano de ações contra a KPC e outras bactérias resistentes deveria ter sido anunciado nessa quinta-feira, depois de uma reunião entre a comissão de infectologia do hospital e representantes das vigilâncias sanitárias estadual e municipal. Porém, para agir, eles precisam de mais um relatório da Vigilância Sanitária de Minas, que resultará de uma inspeção a ser feita entre 9 e 11 deste mês. Mesmo assim, em relatório anterior, o órgão já havia alertado sobre providências urgentes que deveriam ter sido tomadas para garantir a saúde de pacientes e funcionários. Há necessidade de profundas melhorias nas instalações, na lavanderia, no pronto-socorro, no laboratório e no refeitório. Ainda de acordo com o relatório da Vigilância Sanitária, faltam também sabonetes e produtos médico-hospitalares, como de desinfecção. Segundo o secretário Municipal de Saúde, a entrada de acompanhantes está descontrolada e, conforme constatou a equipe do Hoje em Dia, pacientes, inclusive com uniforme escrito “CTI”, circulam displicentemente pelo hospital. Outro agravante é a superlotação: há 340 leitos, mas 390 pacientes internados – 15 deles pelos corredores, segundo a Secretaria de Saúde. “Esses problemas propiciam a proliferação de bactérias. Teremos, basicamente, que reconstruir o hospital. Se chegarmos ao ponto de termos de remover pacientes, o faremos em parceria com o Estado”, afirmou Mauro Reis. Essa avaliação pode ser feita ainda hoje, segundo a Superintendência de Vigilância Sanitária de Minas Gerais. Salários atrasados Outra denúncia, confirmada por Mauro Reis, é a de que os 5 mil servidores de saúde do município não receberam o salário do mês passado, o que ele prometeu resolver nos próximos dias.