Ibama afirma que retenção de rejeitos em Fundão é insuficiente para conter degradação

Ana Cláudia Ulhôa
aulhoa@hojeemdia.com.br
06/02/2017 às 22:16.
Atualizado em 15/11/2021 às 22:44

A Samarco informou nesta segunda-feira (6), que concluiu as obras do sistema de contenção de rejeitos em Mariana, na região Central de Minas. A barragem de Nova Santarém, no Complexo de Germano, e o dique S4, em Bento Rodrigues, estão prontos e devem elevar em aproximadamente 6 milhões de metros cúbicos a capacidade de retenção de sedimentos remanescentes do rompimento da barragem de Fundão. No entanto, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) diz que essas medidas não são suficientes para conter a degradação da região.

De acordo com o superintendente do Ibama-MG, Marcelo Belizário, as ações implantadas dentro do Complexo de Germano podem ser consideradas efetivas. “Foram feitas diversa obras de reforço de todas as estruturas remanescentes, instalação de um sistema de bombeamento de grande porte, foram construídas e finalizadas quatro barreiras e, além disso, tem a nova barragem de Santarém. Então dentro da área da Samarco está tudo controlado”.

No entanto, a área fora dos limites da empresa ainda demanda ações para o controle dos rejeitos, principalmente entre Bento Rodrigues a Usina de Candonga, que possui aproximadamente 115 km de distância entre uma e outra, segundo Belizário.

Conforme o superintendente do Ibama, o curso do rio já tem intervenções indicadas em estudos, mas todas estão atrasadas ou possuem problemas, principalmente, em relação às obras de drenagem. Para Marcelo Belizário o que mais preocupa são as chuvas. Ele explica que elas podem carregar ainda mais rejeitos para outros pontos do curso d'água. “Ainda hoje estão dispostos nesse lugar mais da metade de tudo o que vazou. Isso, dependendo de cada trecho, está mais ou menos propenso a ser remobilizado. Choveu carrega para baixo, o que acarreta a piora da qualidade da água e se traduz em poluição”, afirma.

Com o intuito de resolver essa questão, Belizário relatou que nos dias 30 e 31 de janeiro o Comitê Interfederativo, criado para fiscalizar as ações de reparação da Samarco na região atingida pelo rompimento da barragem de Fundão, realizou duas deliberações. A primeira impõe uma sanção à mineradora por descumprimento do Termo de Transação e Ajustamento de Conduta (TTAC)  firmado com o Ministério Público, que prevê a drenagem dos 400 metros cúbicos emergenciais da Usina de Candongo. A segunda pede um novo planejamento para os próximos períodos chuvosos que deve ser entregue até o dia 15 de abril.

Posicionamento

Procurada pela reportagem, a Samarco informou que a área entre Bento Rodrigues e Candongo está sobre responsabilidade da Fundação Renova. Já a Fundação informou em nota que em janeiro, a Fundação Renova apresentou um ofício junto aos órgãos públicos no qual propõe a retirada de 11 milhões de metros cúbicos de rejeitos. Essa é uma das etapas de manejo do total de 20 milhões de metros cúbicos depositados na área entre a barragem de Fundão (Mariana/MG) e a Usina Hidrelétrica Risoleta Neves (Rio Doce/MG). 

Além disso, a fundação afirmou que “diante da complexidade do rompimento da barragem de Fundão, é necessária uma construção conjunta para definir as melhores decisões a serem tomadas em relação ao manejo do rejeito, que vão desde a estabilização do rejeito até sua retirada, culminando com a implantação de técnicas de recuperação das áreas. Todos os processos de manejo de rejeito estão sendo realizados em parceria e com o apoio desses órgãos que têm provido, por sua equipe técnica, orientações valiosas para a correção de fragilidades ou para a aplicação das melhores práticas”.

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