Idosa faz sucesso na internet ao oferecer mudas de acerola em sua varanda

Juliana Baeta
29/05/2019 às 15:03.
Atualizado em 05/09/2021 às 18:52
 (Reprodução/ Instagram)

(Reprodução/ Instagram)

A partir de um gesto simples -  a doação de mudas de acerola -, dona Maria, de 86 anos, moradora de João Monlevade, na região Central de Minas, tem transformado a sua vida e a rotina de quem passa pela sua varanda no bairro Carneirinhos. Acomodadas em caixinhas de leite ou suco, as plantinhas ficam dispostas no local acompanhadas de um recadinho convidativo: "Mudas de acerola, pode pegar! Presente de D. Maria". 

Quem tiver sorte pode encontrar ainda a própria Maria Linhares na varanda e ser convidado para uma prosa. A neta dela, a estudante Bárbara Linhares, de 23 anos, publicou a cena em seu Instagram e a postagem rapidamente atingiu quase 14 mil curtidas e mais de 1.500 comentários. 

Uma publicação compartilhada por (@barbaralinharess) em

"No começo a gente ficou assustado com a repercussão mas depois passamos a achar muito legal um gesto simples e comum fazer bem para tanta gente. As mensagens que estamos recebendo são muito positivas, tem gente que fala que minha vó ajudou a restaurar a fé na humanidade e outras pessoas, que tem casos da doença de Parkinson na família, estão agradecendo pela postagem, dizendo que isso deu esperança no tratamento". 

Maria sofre da doença de Parkinson há 20 anos. "Ela foi notificada da doença logo após a morte do meu avô, marido dela, em 1999. E cuidar de plantas e mexer com a terra é algo que ela sempre gostou e sente muito prazer em fazer. Então, ver que isso tem dado retorno, deixa ela muito feliz", conta a neta.

As lembranças de Bárbara na casa da avó durante a infância, inclusive, são recheadas de cenas assim. Dona Maria cuidando de seu jardim e de seu pomar, e dando várias mudinhas para os familiares levarem para a casa e continuarem o seu trabalho. Arquivo Pessoal Dona Maria no quintal de sua casa, fazendo o que mais gosta 

A rainha do quintal

A ideia de distribuir as mudinhas surgiu quando dona Maria viu na TV uma reportagem falando que a acerola é a rainha do quintal. "Aí ela pensou: já que eu tenho uma rainha no meu quintal, vou distribuir pra todo mundo ter também", lembra Bárbara. 

Maria passou, então, a retirar as mudas, cuidar e colocá-las em caixinhas de leite ou de suco. Os recadinhos que acompanham as plantinhas são escritos por uma de suas filhas. 

"No quintal ela tem jabuticaba também, muitas ervas, babosa, antúrios e diversas orquídeas, que ela ama. O jardim é a paixão da minha avó. Como ela teve uma infância muito difícil, onde passou fome, mexer com a terra é algo que a deixa extremamente grata. Acho que é a forma que ela encontrou de agradecer por tudo que ela conquistou na vida depois das dificuldades", conclui.   

E o pé de acerola que tem rendido tantas mudas também tem história. Ele um dia já foi uma muda que Maria ganhou de uma amiga, há cerca de 30 anos, e que agora dá origem aos presentes entregues a vizinhos, amigos e desconhecidos. 

"Muita gente passa de carro, pega uma muda e vai embora. Outras pessoas param, encontram ela na varanda, pedem para entrar e conversam com ela. E ela adora. Tem várias histórias para contar. Uma história, inclusive, que ela adora contar é de quando eu ganhei uma rosa de um pretendente, não quis, e dei pra ela. A rosa está lá no quintal da casa dela até hoje, linda", conta a jovem.     Arquivo PessoalDona Maria, a rosa da história e a neta, Bárbara 


Terapia ajuda no tratamento

Assim como o pé de acerola, a gentileza de dona Maria tem rendido bons frutos. Desde que o seu gesto viralizou na rede social, as crises fortes da doença de Parkinson diminuíram, conforme conta a neta Bárbara Linhares. 

 "Hoje a minha vó não é mais capaz de fazer as mesmas coisas que fez a vida toda. Plantar e mexer com a terra é uma das poucas coisas que ela consegue fazer, e isso tem trazido bastante retorno, é uma terapia para ela. Ela costumava ter de quatro a cinco fortes crises por dia, até em horários específicos, inclusive. Mas desde a postagem, coincidentemente, as crises acontecem de forma bem mais branda e com menor frequência.  Acredito também que isso é por causa de toda essa energia positiva que as pessoas estão mandado", conclui.

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