Belo-horizontinos podem começar 2019 pagando ao menos R$ 4,50 pela passagem de ônibus. O reajuste de 11% foi sugerido pela prefeitura, nessa sexta-feira, às empresas. Porém, os consórcios que operam o transporte coletivo não aceitaram o valor. Nova rodada de negociações acontece na segunda-feira e, sem acordo, o impasse pode até parar na Justiça.
A proposta de aumento foi apresentada poucas horas depois de o prefeito Alexandre Kalil divulgar os dados da “caixa-preta” da BHTrans. A auditoria, realizada nos últimos oito meses, apontou que o preço deveria ser de R$ 6,35. O chefe do Executivo afirmou que a taxa é “impraticável”.
“Entendemos que esse valor é muito alto, mas temos que achar caminhos para não entrar simplesmente numa negociação unilateral”, disse o presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros (SetraBH), Joel Jorge Paschoalin.
Segundo ele, o órgão já esperava que a auditoria apontasse diferença significativa entre a quantia praticada e a ideal. Custos, inflação e defasagem na tarifa nos últimos dois anos, quando não houve reajuste, pesam nos cálculos, frisou.
Cobradores
Na segunda-feira, o Hoje em Dia mostrou que várias linhas da capital circulam sem os cobradores em horários proibidos por lei. A infração já rendeu multas que somam R$ 5,8 milhões às concessionárias.
Questionados se a retirada dos trocadores não deveria impactar na redução do preço da passagem, a PBH informou que a auditoria leva em conta apenas as possíveis saídas dos agentes de bordo nos anos em que foi feito o levantamento – 2013 a 2016.
Mudanças ocorridas em 2017 e 2018 ainda estarão nas negociações. O presidente da BHTrans, Célio Bouzada, disse que as empresas terão que recontratar 500 cobradores e colocar em operação 300 veículos com ar-condicionado. O Setra descarta.
“Com certeza não haverá novos investimentos, as empresas não têm capacidade financeira”, sustentou Joel Paschoalin.
Revisão das contas
A auditoria, promessa de campanha de Alexandre Kalil, analisou 104 mil documentos dos quatro consórcios de ônibus de BH. Para se chegar aos R$ 6,35, foram considerados a receita, os custos, os investimentos e os lucros líquidos.
Outro levantamento utilizando metodologia da Associação Nacional dos Transportes Públicos mostrou que o valor mínimo deveria ser de R$ 5 e máximo, R$ 5,61.
O prefeito descartou a possibilidade de a PBH subsidiar parte da passagem. “Temos que escolher se vamos dar remédio ou passagem. Na minha gestão isso está fora de cogitação”.
O contrato com as empresas foi assinado em 2008 e é válido até 2028. Segundo Kalil, não foram encontradas irregularidades no acordo.
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