(Carlos Roberto/Hoje em Dia/Reprodução)
Já se passaram quatro anos, mas a história ainda está viva na cabeça da maioria das pessoas. Quem não se lembra do enredo que mais parece tirado de um filme? Garoto de origem humilde que consegue alcançar o estrelato e, de repente, vira mentor de um crime cercado de mistério e requintes de crueldade. Em linhas gerais, todo mundo conhece a narrativa de Bruno Fernandes, ex-goleiro do Flamengo, condenado pela morte da ex-amante. Mas os detalhes do caso e os bastidores do julgamento que corroborou para a culpa do atleta não eram de conhecimento da maior parte da população. Pelo menos até agora. Em Indefensável – o goleiro Bruno e a história da morte de Eliza Samudio, livro que será lançado em Belo Horizonte no mês que vem, o leitor terá a oportunidade de se sentir dentro do júri. Um palco de manobras de advogados e embates entre acusação e defesa nunca antes presenciados pela imprensa. A obra ainda conta toda a trajetória do goleiro, cotado para ser o arqueiro da seleção brasileira na Copa do Mundo que está em andamento no Brasil. Quem é quem “O desafio foi conquistar as pessoas mais próximas dos envolvidos para que elas percebessem que o trabalho não era para julgar um ou outro. Nosso objetivo é mostrar quem são essas pessoas e tudo que aconteceu com elas até aquele momento”, conta uma das autoras do livro, a jornalista Paula Sarapu, de 33 anos. Juntamente com Leslie Leitão e Paulo Carvalho, também jornalistas, Paula participou da cobertura do caso desde o início, em 2009, quando começou o martírio de Eliza Samudio que lutava para que o então goleiro do Flamengo assumisse o filho que ela esperava. “A grande jogada do livro é mergulhar na intimidade e miséria social das pessoas. Um pano de fundo que explica todo o crime”, avalia Paula. Além de todos os meandros que culminaram no assassinato da vítima, no dia 10 de junho de 2010, após ser mantida em cárcere privado no sítio do jogador, em Esmeraldas, a obra ainda aborda questões desconhecidas sobre os bastidores do júri. Alvo do grupo Quatro dias antes do julgamento do executor do crime, Marcos Aparecido dos Santos, o ex-policial civil conhecido como Bola, um promotor seria alvo de um atentado. Henry Wagner Vasconcelos, que já garantira a condenação de Bruno e de seu fiel escudeiro, Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão. Um carro do Ministério Público foi abordado por dois homens em uma moto e, por pouco, o promotor não foi baleado. Um dos pistoleiros percebeu a tempo que não se tratava de Henry, a vítima procurada. “Soubemos do caso ainda durante o julgamento e decidimos não divulgar seguindo um pedido do promotor que não queria prejudicar o júri”, lembra Paula. Esses e outros fatos curiosos que cercam a prisão e condenação dos envolvidos garantem o sucesso de venda do livro. Indefensável já está entre os mais vendidas na lista das obras de não-ficção.