Jogos de tabuleiro a serviço do conhecimento

Renato Fonseca
rfonseca@hojeemdia.com.br
21/05/2016 às 22:40.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:33
 (Wesley Rodrigues)

(Wesley Rodrigues)

Nada de computador, tablet, lousa digital, datashow ou outros modernos recursos tecnológicos. Para estimular o raciocínio, potencializando o aprendizado dos estudantes dentro e fora da sala de aula, uma escola de Contagem, na Grande BH, recorreu aos jogos de tabuleiro. A estratégia adotada pelo Instituto Eros Gustavo obteve reconhecimento nacional e, agora, mira uma premiação mundial.

Alunos do ensino fundamental, Victor Souza, de 12 anos, Pedro Faria, 12, João Pedro Moreira, 11, e Gustavo Nunes Alexandre, 12, integram a equipe do colégio na categoria 4º ao 7º ano.

O quarteto foi campeão brasileiro da VIII Olimpíada de Raciocínio. Na próxima disputa, em junho na Grécia, eles estarão frente a frente com jovens da Austrália, Itália, Reino Unido, Romênia e Turquia, dentre outros países.


Medalhas de ouro
O torneio é organizado pela empresa Mind Lab, especializada no desenvolvimento de sistemas de aprendizagem. Outros quatro alunos do 8° e 9° anos do Instituto Eros Gustavo também levaram a medalha de ouro na etapa nacional. Porém, não há disputa internacional para esta categoria.

Na escola de Contagem, os jogos integram o projeto “Mente inovadora”. A disciplina ocorre uma vez por semana. Na ponta do lápis, são quatro tabuleiros: damas olímpicas, octi, bloqueio e abalone – todos desafios de estratégia e raciocínio. Cada aluno fica responsável por um deles.
A iniciativa foi aprovada pelos jovens. A maioria fica ansiosa pelos dias em que irá participar da dinâmica. Muitos deles contam que nunca tinham feito tais brincadeiras.

Antes de sagrar-se vencedora da etapa nacional, a escola disputou a regional, com a participação de 285 equipes de todo o país

 Representando a escola na damas olímpicas – brincadeira similar ao tradicional jogo de peças redondas de mesmo nome –, Pedro Faria diz que começou na escola, mas que agora treina diariamente em casa.

Ele conta com a ajuda do avô e da mãe para jogar. “Pratico muito pelo computador, mas quando dá é sempre bom jogar pessoalmente. É bem melhor”, diz o garoto.

 Desafios ajudam na socialização dos futuros cidadãos

Mais do que a pura diversão, os jogos de tabuleiro disputados no ambiente escolar ampliam a socialização dos jovens, interferindo diretamente no aprendizado de outras disciplinas. “Eu conversava muito na sala. Agora estou mais focado na aula. Aprendo com mais facilidade”, conta Gustavo Nunes Alexandre.

Participando do projeto há 6 anos, o aluno do 9°ano Leones Milhomem, 15, é mais uma prova do sucesso dos desafios lúdicos. “Antes, eu não tinha nenhuma organização. Hoje em dia consigo me programar, definir como vai ser o meu estudo. Fora que o desempenho em matemática melhorou muito”, afirma o jovem.

A percepção de que os alunos estão mais atentos é comprovada pelos profissionais da escola. “Eles aprendem a desenvolver, com mais facilidade e de forma rápida, o raciocínio”, conta a diretora do Instituto Eros Gustavo, Cristiane Boaventura Barbosa.

Ela lembra que aulas de informática e outros aparatos tecnológicos fazem parte da grade curricular de todos os estudantes da instituição. Porém, a escola percebeu a importância de conciliar os estudos com os jogos presenciais. “Eles (tabuleiros) exigem muito dos alunos. Hoje, os meninos estão focados apenas no celular, no computador. Retomar essas brincadeiras é um diferencial”.

Uma dos coordenadores do projeto, a mediadora Tomezina Fonseca diz que os jogos contribuem para a formação dos adolescentes como cidadãos. “Os adolescentes aprendem a enfrentar desafios. Questões éticas são colocadas em xeque, como o respeito pelo adversário. Ou seja, lições para a vida toda”.

Mind Lab
Fundada em Israel em 1994, a empresa utiliza uma abordagem inovadora voltada para o desenvolvimento de habilidades cognitivas. Ela está presente em 25 países. No Brasil é parceira de mais de mil instituições. Os professores recebem capacitações frequentes para desenvolver as práticas educacionais junto aos estudantes.

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