(Carlos Rhienck / Hoje em Dia )
"Febre maculosa provável", foi o diagnóstico anotado pela médica Maria José Ferreira, diretora clínica do Hospital Belo Horizonte, no protocolo de alta hospitalar do estudante Jarod Marcelino, de 15 anos, na última segunda-feira (12). Ele foi internado no dia 1º de janeiro pela família, por suspeitar que ele tenha sido vítima da doença, transmitida ao homem por picada do carrapato-estrela infectado pela bactéria Rickettsia rickettsii, após passear pela orla da Lagoa da Pampulha. Na semana passada, a prefeitura divulgou um alerta sobre a presença de capivaras contaminadas pela doença no local. No dia 9, em nota, a Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde descartou o caso como suspeito para febre maculosa, depois que o primeiro exame (feito no dia 3) foi negativo para a doença. No próximo dia 20, Jarod terá de voltar ao hospital, para fazer o segundo exame, como determina o protocolo padrão para todos os casos suspeitos de febre maculosa. "Agora ele está bem, graças a Deus", afirma a empresária Andrea Castanon, moradora do bairro São Luís, na região da Pampulha. "Pretendo, a partir de amanhã (quarta-feira (14)), iniciar um abaixo assinado pedindo à prefeitura que tome alguma providência, para não acontecer com outra mãe o que eu passei desde o primeiro dia do ano com meu filho no hospital". Ela reitera que o município precisa tomar providências, "não é só falar que está distribuindo papelzinho num dos pontos de lazer mais bonitos que a gente tem" em Belo Horizonte. "A prefeitura quer abafar a história. É muito complicado. Se todo mundo ficar quieto, como vai ser?" A empresária destaca que "a própria prefeitura divulgou que 71% das capivaras na orla da Pampulha estão contaminadas, mas no domingo a orla estava lotada, cheia de pessoas sentadas na grama. Será que ninguém está sabendo sobre os riscos de contrair a doença transmitida pelo carrapato?", indaga. Vídeo e fotografias do filho internado no hospital, postadas pela empresária na internet, receberam 5.205 visualizações até a tarde da última sexta-feira. De acordo com relato da mãe do adolescente, que cursa o 7º ano do ensino fundamental, o jovem que morreu no ano passado em Belo Horizonte por contrair a febre maculosa era amigo de seu enteado. "Mas a prefeitura até hoje não reconhece essa foi a causa da morte dele". O hospital informou, em nota, que no dia 1º o jovem J.M.M.J. deu entrada no Pronto Atendimento apresentando febre alta, dor de cabeça acentuada, manchas vermelhas pelo corpo, dor abdominal, dificuldade para se alimentar, dor muscular difusa, prostração. Inicialmente suspeitou-se de meningite, que foi descartada após avaliação neurológica e punção liquórica. Foram feitos exames para doenças como toxoplasmose, dengue, citomegalovírus, rubéola, vírus Epstein-Barr, febre maculosa, hantavírus (pendente) e hepatite. "O tratamento específico para febre maculosa foi prontamente iniciado, porque o jovem mora na região da Pampulha e havia feito um passeio com a família na orla da lagoa, onde vivem as capivaras, que são hospedeiros da doença. Durante a evolução do quadro, o jovem apresentou um quadro de pneumonia com instabilidade respiratória e sangramento nasal", informa o hospital. O hospital encaminhou amostras de sangue para a Fundação Ezequiel Dias (Funed), para realização de exames necessários ao diagnóstico de febre hemorrágica. Na última sexta-feira 9, a Funed liberou o exame para febre maculosa que foi negativo. "Como existe a possibilidade da soroconversão (aparecimento dos anticorpos contra a bactéria), que pode ocorrer entre 14 e 20 dias após a exposição a Rickettsia rickettsii, agente causadora da doença, o exame será repetido após 14 dias da primeira coleta. O jovem teve uma evolução clínica favorável e recebeu alta no dia 12, mas foi orientado a repetir o exame no próximo dia 20".