(Riva Moreira)
O suspeito de matar a facadas a menina de 5 anos na manhã desta quarta-feira (30) em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, voltou ao local do crime após o assassinato para decapitá-la e levar a cabeça. A informação é do delegado Otávio de Carvalho, da Delegacia de Homicídios da cidade, que foi quem colheu o depoimento do jovem, de 25 anos.
“Perguntado se estava arrependido, disse que estava. Uma outra coisa relevante é que ele volta ao local do crime depois de dez minutos. Segundo ele, ele teria ouvido uma voz, novamente, que ele teria que voltar ao crime para decepar a cabeça da criança”, contou o delegado, em coletiva de imprensa durante a tarde.
Ieda Isabella Manoel Peres, de 5 anos, foi esfaqueada na porta de uma escola infantil no bairro Vila Cristina, quando era levada por uma babá junto do irmão, de 8 anos, para a aula, por volta das 6h30. A cuidadora estava de mãos dadas com as crianças e foi tomada de surpresa quando a menina caiu no chão com os golpes de faca. Ela se feriu tentando ajudar o menino, mas salvou o garoto, que correu.Riva Moreira
Suspeito foi agredido por populares antes de ser detido em flagrante; ele foi levado ao Ceresp de Betim
O delegado contou também que, em depoimento, o rapaz preso pelo crime disse que havia matado a menina a mando de vozes de sua cabeça, de um "patrão". Apesar de a família ter apresentado receitas de remédios controlados e o jovem ter se mostrado confuso durante o depoimento, o investigador disse que a Polícia Civil representou pela prisão.
“Ele foi preso em flagrante, respondeu a todas as perguntas. Então para a Polícia Civil ele agiu com capacidade de conhecimento sobre o fato”, explicou Carvalho, acrescentando que o Ministério Público ou a defesa do suspeito podem requerer, na Justiça, que o homem passe por exames psicológicos para atestar distúrbios.
Os receituários do Centro de Referência em Saúde Mental (Cersam), do bairro Jardim Teresópolis, que atendia o suspeito, e os documentos apresentados pela família como prova de que o rapaz tem esquizofrenia, foram juntados aos autos do processo e ficam à disposição da Justiça.
O investigador disse que o jovem escolheu Ieda por acaso, pois, aos policiais, ele disse que deveria apenas escolher uma criança, aleatoriamente. "Ele fala que não conhecia a vítima, que estava andando pela via pública, quando viu a criança de 5 anos, que estava de mãos dadas com a babá e com o irmãozinho, e decide ceifar a vida dessa vítima", declarou.
Um ponto que ainda deve ser esclarecido em exames toxicológicos é se, antes do crime, o suspeito havia se drogado ou não. Aos policiais, ele disse que havia usado grande quantidade de crack, mas um irmão dele relatou a vizinhos que havia dado a medicação psicológica que havia sido prescrita. "A família diz que ele não usou, que inclusive ele nem tem dinheiro para usar a droga, que está desempregado", relata Carvalho.
Livre
Segundo vizinhos do suspeito do crime, que também mora na Vila Cristina, ele estava preso desde 2018, mas havia sido solto este ano porque estava sendo vítima de constantes surras no presídio, devido ao seu comportamento. "O que a gente sabe aqui é que ele ria dos outros presos, principalmente quando eles tinham algum tipo de castigo. Aí a mãe dele levou os laudos psiquiátricos e pediu que ele fosse solto, que ela não aguentava ver ele sofrendo lá", afirmou uma vizinha, que pediu para não se identificar.
A Polícia Civil confirmou que ele foi solto em liberdade provisória, mas não esclareceu o motivo da soltura. "Ele tem um furto em 2016 em que foi preso em flagrante, tem um roubo no ano passado, também foi preso em flagrante, e um tráfico de drogas, de dezembro de 2016, que ele também foi preso em flagrante. Estava preso até agosto deste ano quando recebeu liberdade provisória", contou o delegado.
Como circulam diferentes informações, algumas dando conta de que o jovem usava tornozeleira eletrônica, outras de que ele tinha conseguido o direito de não precisar mais do sistema, a reportagem do Hoje em Dia procurou a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp). A pasta, contudo, disse não haver registros de que o jovem tenha tido o uso de tornozeleira decretado pelo sistema judiciário.