Juiz adia julgamento de policiais acusados de matar tio e sobrinho

Danilo Emerich - Hoje em Dia
06/12/2013 às 11:04.
Atualizado em 20/11/2021 às 14:36

O julgamento de dois ex-policiais militares, acusados de matar tio e sobrinho no Aglomerado da Serra, em fevereiro em 2011, agendado para esta sexta-feira (5), foi adiado para o dia 18 de março de 2014, pelo juiz Ronaldo Vasquez, no 1º Tribunal do Júri, no Fórum Lafayette, no bairro Barro Preto, Centro de Belo Horizonte.   O motivo foi inclusão recente de novos documentos, como fotos e vídeos, no processo apresentados pelo advogado de defesa, Ércio Quaresma. O defensor quer provar que as vítimas, o auxiliar de enfermagem Renilson Veriano da Silva, de 39, e o sobrinho dele Jeferson Coelho da Silva, de 17, tinham envolvimento com o tráfico de drogas.    A defesa alega que seus clientes, os ex-policiais Jonas David Rosa, de 26 anos, e Jason Ferreira Paschoalino, de 27, agiram em legítima defesa. Além da manobra, Quaresma ainda pediu a liberdade dos acusados, que foi negada pelo juiz.   O promotor Christiano Leonardo Gomes, pediu tempo para periciar os anexos, para comprovar a veracidade ou não dos arquivos. “Não sabemos de onde surgiram essas fotos e vídeos, que inclusive foram editadas. Por isso pedimos uma perícia para atestar a idoneidade delas”, afirmou. Na ação, o Ministério Público tentará provar que as vítimas não tinham relação com a criminalidade e foram executadas, sem chance de defesa, pelos policiais durante uma abordagem.   Indignação   Os familiares das vítimas não gostaram do adiamento. Para o irmão de Renilson e tio de Jeferson, Adeílson Veriano da Silva, de 30 anos, quanto mais tempo se passa, menor será o tempo da pena dos ex-policiais. Em março, o crime terá completado 3 anos e um mês. “Mas estamos tranquilos”, disse.   Do lado de fora do fórum, amigos, familiares e moradores do Aglomerado da Serra fizeram um protesto, com faixas e distribuição de rosas. O presidente do movimento Paz na Serra, Alexandre Ribeiro, disse haverá novo protesto no julgamento em março. “Queremos apenas justiça”, afirmou.   Mortes na Vila Marçola   O crime ocorreu no dia 19 de fevereiro de 2011, quando policiais entraram na Vila Marçola, naquele aglomerado, como o intuito de combater o tráfico de drogas. Entretanto, após tiroteio, o auxiliar de enfermagem Renilson Veriano da Silva, de 39 anos, e o adolescente Jeferson Coelho da Silva, de 17, que são sobrinho e tio, acabaram sendo mortos a tiros. Na ocasião, um policial ficou ferido e dois suspeitos morreram.   Testemunhas, que seriam moradores do aglomerado, disseram que os policiais acusados chegaram atirando e depois simularam um tiroteio. A versão é contestada pelos policiais, que alegam ter sido recebidos a tiros. Na época houve comoção pública de moradores da Vila Marçola, que chegaram a colocar fogo em dois ônibus.   Os policiais foram pronunciados em outubro de 2011 e respondem por homicídio duplamente qualificado e por posse irregular de dois revólveres com numeração raspada. Eles estão presos na Penitenciária Professor Jason Soares Albergaria, em São Joaquim de Bicas, na Grande BH, para onde foram transferidos no último dia 23 de outubro.   Até então, os militares estavam reclusos em batalhões da Polícia Militar (PM). Contudo, como foram expulsos da corporação, no dia 15 do mesmo mês, eles perderam o benefício de prisão especial.   Outro crime   Em agosto deste ano, Jason Ferreira Paschoalino foi condenado a 12 anos de prisão pelo homicídio de um forneiro, em julho de 2010, no bairro Nova Suíça, região Oeste de BH. Ficou estabelecido na sentença que ele cumpriria a pena inicialmente em regime fechado. Na ocasião, como efeito extrapenal, o juiz do 1º Tribunal do Júri do Fórum Lafayette, Ronaldo Vasques, ainda impôs a perda do cargo público de praça da Polícia Militar.

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