(Eugênio Moraes)
Está previsto para esta quinta-feira (23) o julgamento de mais dois réus acusados de invadir o acampamento Terra Prometida e matar cinco trabalhadores sem terra no município de Felisburgo, no Vale do Jequitinhonha. O crime aconteceu em 2004, mas até agora apenas o mandante dos assassinatos, o fazendeiro Adriano Chafik Luedy, e seu capataz, Washington Agostinho da Silva, foram condenados pelo crime que ficou conhecido como Chacina de Felisburgo. Nesta quinta-feira, serão julgados Francisco de Assis Rodrigues de Oliveira e Milton Francisco de Souza. De acordo com a denúncia oferecida pelo Ministério Público, eles teriam atirado contra homens, mulheres e crianças, matando cinco pessoas e deixando outras 12 feridas. Além disso, os acusados teriam ainda incendiado 27 residências e uma escola do acampamento montando na Fazenda Nova Alegria, de propriedade de Adriano Chafik. Eles respondem pelos crimes de homicídio qualificado e incêndio. O julgamento deve acontecer no plenário do 2º Tribunal do Júri do Fórum Lafayette em Belo Horizonte e será presidido pelo juiz Glauco Eduardo Soares Fernandes, mesmo magistrado que julgou os demais acusados. A previsão é que a sessão tenha início às 8h30. Inicialmente, Francisco e Milton sentariam no banco dos réus juntamente com os demais envolvidos. No entanto, em outubro do ano passado, a Justiça mineira decidiu pelo desmembramento do processo. Na ocasião, Adriano Chafik foi condenado a 115 anos de prisão e Washington pegou 97 anos e 6 meses, pelos crimes de homicídio qualificado, lesão corporal, incêndio e formação de quadrilha. Mas, o juiz Glauco Fernandes concedeu aos acusados o direito de recorrer em liberdade, considerando que eles estavam beneficiados por liminar do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Chacina de Felisburgo A chacina de Felisburgo aconteceu em 20 de novembro de 2004 no acampamento Terra Prometida, na fazenda Nova Alegria, em Felisburgo, no Vale do Jequitinhonha. Na ocasião, cinco trabalhadores rurais - Iraguiar Ferreira da Silva, de 23 anos, Miguel Jorge dos Santos, de 56, Francisco Nascimento Rocha, de 72, Juvenal Jorge da Silva, de 65, e Joaquim José dos Santos, de 48 - foram assassinados e cerca de 12 pessoas ficaram feridas, inclusive crianças. As cinco vítimas foram executadas com tiros à queima-roupa. O fazendeiro Adriano Chafik, principal réu do processo, confessou ter participado do crime, mas poucos dias depois conseguiu, por meio de habeas corpus, responder ao processo em liberdade. As famílias sem terra montaram acampamento na fazenda Nova Alegria em 2002 e tinham denunciado à Polícia Civil algumas ameaças por parte dos fazendeiros. No mesmo ano, 567 dos 1.700 hectares da fazenda foram decretados pelo Instituto de Terra de Minas Gerais (ITER) como terra devoluta, ou seja, área do Estado e que deveria ser devolvida para as famílias.