Teve início na manhã desta segunda-feira (14) o julgamento do garçom Adrian Gabriel Grigorcea, acusado de participação no assassinato de dois empresários em um apartamento no bairro Sion, região Centro-Sul de Belo Horizonte, em abril de 2010. Adrian está preso desde o início das investigações do crime. O júri popular do ex-policial militar André Bartolomeu, que também seria julgado hoje, foi adiado. Conforme o juiz Glauco Eduardo Soares Fernandes, que preside a sessão no Fórum Lafayette, o réu deve permanecer preso até a data do julgamento, marcado para 29 de janeiro de 2015. Conforme o Tribunal de Justiça de Minas Gerais, o júri teve início às 9h54 e todas as onze testemunhas arroladas foram dispensadas. O conselho de sentença é formado por cinco mulheres e dois homens, que irão decidir se o garçom é culpado ou inocente do crime. O Ministério Público é representado pelo promotor Francisco de Assis Santiago e o réu é defendido pelo advogado Hudson de Oliveira Cambraia Até o momento, três acusados do grupo, que ficou conhecido como bando da degola, já foram condenados. Outras quatro pessoas serão julgadas até o fim do ano. Denúncia De acordo com a denúncia do Ministério Público, o garçom foi o responsável por atrair o genro, Rayder Rodrigues, de 39 anos, ao apartamento de Frederico Costa Flores Carvalho. O dono do imóvel e mais dois policiais militares, entre eles André Bartolomeu, amarram e torturam Rayder para conseguir informações sobre contas bancárias das lojas dele. O sócio de Rayder, Fabiano Ferreira Moura, de 36 anos, também foi levado ao apartamento. Ambos foram assinados no local. As vítimas ainda tiveram os dedos e cabeças cortados, para dificultar a identificação. Os corpos foram jogados em uma estrada em Nova Lima, na Região Metropolitana. No dia seguinte, de acordo com o MP, os réus se reuniram para limpar a cena do crime e realizar um churrasco no apartamento. Para o promotor Francisco Santiago, que atuou na condenação de três dos oito envolvidos, há provas suficientes para garantir uma pena de mais de 40 anos de prisão. Depoimento O interrogatório de Adrian começou por volta de 10 horas. Em seu depoimento, ele admitiu ter levado o empresário Rayder Rodrigues ao apartamento no bairro Sion, mas alegou que estava sendo coagido por Frederico Flores, que ameaçava estuprar sua filha. O réu contou que conheceu Frederico Flores no restaurante onde trabalhava como garçom e, posteriormente, vendeu um lote para ele. Segundo Adrian, a partir deste negócio, Frederico começou a ameaçá-lo. Ao longo do interrogatório, o garçom contou detalhes das movimentações nas contas das vítimas feitas por Frederico e pela médica Gabriela Corrêa Ferreira da Costa, da vigilância dos empresários feita pelos réus policiais militares que estavam sempre armados, descreveu os assassinatos aos quais, segundo o interrogado, foi obrigado por Frederico a assistir. Adrian afirmou, ainda, que teve que ficar no apartamento até que fosse possível sacar R$ 60 mil que foi transferido para sua conta e que, após os homicídios, foi feita faxina no local por ele e outros envolvidos nos crimes. O garçom reafirmou ter visto os assassinatos, mas sem participar deles. Ele garantiu que não denunciou nada antes por achar Frederico muito poderoso, pois viu políticos, policiais, delegados e integrantes da Polícia Federal na casa dele. Outras datas O pastor Sidney Eduardo Benjamin e o advogado Luiz Astolfo vão a julgamento em 29 de setembro. Já a médica Gabriela Corrêa Ferreira da Costa vai a júri popular em 30 de outubro. Os três respondem pelo crime em liberdade. O mentor dos crimes, o estudante Frederico Flores, foi condenado a 39 anos de prisão por homicídio qualificado, sequestro e cárcere privado, extorsão, destruição e ocultação de cadáveres e formação de quadrilha. Ao aplicar a pena, o juiz considerou a semi-imputabilidade atestada pelo laudo pericial e acolhida pelos jurados, e a confissão espontânea do acusado. O ex-policial militar Renato Mozer e o estudante Arlindo Soares Lobo também já foram condenados a penas de 59 e 44 anos de prisão, respectivamente. Atualizada às 15h00