Após reunião na manhã desta quarta-feira (15) na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), o presidente do 2º Tribunal do Júri do Fórum Lafayette, juiz Glauco Soares, sinalizou que o julgamento do fazendeiro Adriano Chafik Luedy deve ser remarcado para a segunda quinzena de agosto. Acusado de ser mandante da chacina de Felisburgo, que terminou com a morte de cinco integrantes do Movimento Sem Terra em 2004, Adriando Chafik seria levado a júri popular nesta quarta-feira, mas o julgamento foi adiado pela segunda vez. O magistrado explicou que o procedimento foi necessário, uma vez que pelo menos 40 testemunhas de defesa ainda devem ser ouvidas pelo juiz do Vale do Jequitinhonha. Ainda conforme o juiz Glauco Soares, a realização do júri sem o cumprimento dessa etapa poderia acarretar em anulação do julgamento. “Não podemos fazer o juri apenas para atender à pressão popular, as etapas processuais precisam ser seguidas”, disse. Ele afirmou, também, que as testemunhas já começaram a ser ouvidas na terça-feira (14) e continuaram sendo interrogadas nesta quarta-feira. Com a remarcação da data, o magistrado espera que todas as pendências do processo, como os depoimentos das testemunhas e a transferência das armas apreendidas para o Fórum Lafayette, deverão estar sanadas. “A defesa tem meios legais para adiar o julgamento por mais uma ou duas vezes e isso está na lei, não podemos evitar. Mas eu garanto que o juri acontecerá”, disse. Chacina de Felisburgo A "Chacina de Felisburgo" aconteceu em 20 de novembro de 2004 no acampamento Terra Prometida, na fazenda Nova Alegria, em Felisburgo, no Vale do Jequitinhonha. Na ocasião cinco trabalhadores rurais - Iraguiar Ferreira da Silva, de 23 anos, Miguel Jorge dos Santos, de 56, Francisco Nascimento Rocha, de 72, Juvenal Jorge da Silva, de 65, e Joaquim José dos Santos, de 48 - foram assassinadas e cerca de 20 pessoas ficaram feridas, inclusive crianças. As cinco vítimas foram executadas com tiros à queima-roupa. O fazendeiro Adriano Chafik, principal réu do processo, confessou ter participado do crime, mas poucos dias depois conseguiu, por meio de habeas corpus, responder ao processo em liberdade. As famílias sem terra montaram acampamento na fazenda Nova Alegria em 2002 e tinham denunciado à Polícia Civil algumas ameaças por parte dos fazendeiros. No mesmo ano, 567 dos 1.700 hectares da fazenda foram decretados pelo Instituto de Terra de Minas Gerais (ITER) como terra devoluta, ou seja, área do Estado e que deveria ser devolvida para as famílias. Nove anos depois da chacina, as famílias ainda vivem no assentamento e aguardam que parte da área seja desapropriada. Iniciado há 14 anos, o processo agora tramita no Superior Tribunal de Justiça (STJ).