Larvas em tocos de árvores suprimidas podem contaminar espécimes saudáveis em BH

Bruno Moreno
bmoreno@hojeemdia.com.br
21/07/2017 às 06:00.
Atualizado em 15/11/2021 às 09:40
 (FLÁVIO TAVARES)

(FLÁVIO TAVARES)

Ações para impedir o alastramento do besouro metálico, praga que ataca árvores da capital, estão sendo executadas apenas parcialmente. Sem a conclusão dos trabalhos, outras espécies podem ser infectadas.

Das pouco mais de 300 árvores que já foram suprimidas devido à presença do inseto – desde novembro do ano passado –, 77 tiveram o toco arrancado. Além disso, só em 63 espaços o buraco deixado foi tampado.FLÁVIO TAVARES / N/A

Restante de tocos de mungubas na rua Diabase

Ou seja, em pelo menos 230 tocos a chance de que outras larvas existam é grande, o que contribui para o surgimento de novos insetos que podem se espalhar. Um exemplo está na rua Diabase, no bairro Prado, região Oeste, onde 12 mungubas foram cortadas.

Na última quarta-feira (19), funcionários da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) realizaram o destocamento do que restou das árvores. Várias larvas dos besouros foram encontradas.

Desde setembro do ano passado, mais de 3 mil árvores foram vistoriadas na capital

Serviço Incompleto

O conjunto das três ações (corte, destocamento e concretagem) é tido pela Coordenadoria Municipal de Defesa Civil (Comdec) e Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMA) como fundamental para impedir que as larvas se transformem no inseto. No entanto, os órgãos definiram que seria necessário priorizar a supressão das árvores que estão em risco de queda. 

Questionada sobre o motivo das ações não serem integradas, a Defesa Civil, por meio da assessoria de imprensa, argumentou que o impedimento se deve a “questões operacionais, como horário e localização em virtude do trânsito, tempo de remoção da árvore em virtude do tamanho, horários de respeito ao silêncio”.

Ainda segundo a Comdec, “a destoca não tem a mesma urgência que a mitigação do risco de queda das árvores”, devido ao perigo de uma pessoa ser atingida e morrer ou a destruição de patrimônios.

No entanto, o professor do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG João Renato Stehmann reforça que é fundamental realizar o trabalho completo. Segundo ele, a remoção e a eliminação das larvas existentes nos troncos é importante para que se evite a contaminação de outros exemplares.

Quem também critica o trabalho feito atualmente é o biólogo e consultor ambiental Diego Lara. Ele avalia que realizar a solução proposta pela PBH, “pela metade”, pode piorar a situação.Lucas Prates / N/A

Ação completa: corte, destocamento e concretagem

“O besouro não vai ficar parado lá, esperando a prefeitura cimentar. Ele vai para outros lugares”, afirma. Para o especialista, é necessário investigar o motivo pelo qual o inseto se proliferou, como a possível falta de predadores.

Nova arborização das calçadas só vai ocorrer após período mínimo de seis meses

Nenhuma árvore foi plantada nos locais que perderam espécies atacadas pelo besouro. A secretaria de Meio Ambiente de BH diz o trabalho só será feito após o período de pelo menos seis meses. O prazo começa a ser contado a partir da concretagem da via pública.

Durante essa recomposição da calçada onde estava a árvore doente, as larvas remanescentes são destruídas por asfixia. “O local é vedado com concreto e piso e assim deve permanecer por um período mínimo de 180 dias por questões fitossanitárias”, informou a SMMA, que estuda até mesmo aumentar a quarentena.

Como os cortes foram iniciados em novembro do ano passado, ou seja, há cerca de oito meses, se naquela época os trabalhos tivessem sido concluídos, novas árvores já poderiam ter sido plantadas.

A secretaria destacou, ainda, que em alguns locais onde foram feitos os cortes não serão plantadas novas espécimes, já que o Código de Posturas determina critérios mínimos. São levados em conta a largura do passeio e as distâncias mínimas entre o poste de energia e garagens, dentre outros pontos.

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 Na semana passada, o Hoje em Dia mostrou que 300 árvores foram suprimidas após ataques do besouro metálico. A média é de pelo menos um exemplar de grande cortado, diariamente, nos últimos meses. As espécies mais atacadas são munguba, paineira, barriguda, embaré e imbiruçu. Confira a reportagem no link abaixo.

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