Laudo não confirma que cantor Victor agrediu a mulher, segundo a polícia

Malú Damázio
mdamazio@hojeemdia.com.br
13/03/2017 às 13:05.
Atualizado em 15/11/2021 às 13:43

O primeiro laudo pericial realizado pelo Instituto Médico-Legal (IML) não apontou lesões corporais em Poliana Bagatini Chaves, que denunciou o marido, o cantor Victor Chaves, por agressão. O resultado foi divulgado nesta segunda-feira (13) pela Polícia Civil.

A Delegacia Especializada da Mulher, do Idoso e do Deficiente, em Belo Horizonte, ainda aguarda o laudo das câmeras de segurança do prédio para confirmar se a esposa, que está grávida do segundo filho do casal, foi agredida e decidir se indicia ou não o cantor. O inquérito deve ser concluído em no máximo 30 dias contados a partir do dia da queixa, 24 de fevereiro.

Como, segundo a vítima, os chutes que Victor teria desferido contra ela foram dentro do elevador do prédio, o inquérito só será concluído após a análise das imagens das câmeras. Por isso, ainda não há uma definição se o músico será indiciado ou se o processo será arquivado.

A delegada Danúbia Quadros, responsável pelo caso, disse que o inquérito ainda não foi concluído porque a Polícia Civil só teve acesso às filmagens do interior do condomínio na última semana. 

"Existe um circuito de segurança no prédio e a Polícia Civil teve acesso a essas imagens com muita dificuldade. Em um primeiro momento. o condomínio não quis nos fornecer cópia dessa gravação, então a gente precisou de uma determinação judicial para ter acesso a essa filmagem, e agora ela será periciada e nós aguardamos o laudo", disse. A policial já assistiu às gravações, mas não quis relatar o que mostram as imagens. 

Agressão pode ter ocorrido

Danúbia disse que a negativa no exame de corpo de delito não é uma prova de que Poliana não tenha sido agredida. Segundo a delegada, o resultado indica que Victor não pode ser indiciado por lesão corporal aparente, mas sim por "agressão por vias de fato", de acordo com o Artigo 21 do Código Penal. 

"Vias de fato são tapas, chutes, empurrões, uma série de posturas que não deixam a vítima lesionada. Não aparecem no exame, mas tem outras provas. A agressão não deixa vestígios, mas não quer dizer que não aconteceu", explica. Ela acrescentou ainda que, no dia 26, quando Poliana foi ouvida, a vítima relatou que não tinha marcas aparentes de violência no corpo, mas que havia sido agredida e sentia dores na região lombar.

Ao apresentar o resultado do exame, a delegada Dánubia informou também que moradores e funcionários do prédio que foram ouvidos no inquérito não relataram ter presenciado qualquer agressão contra a esposa. As testemunhas afirmaram, no entanto, ter ouvido os gritos e a confusão que ocorreram na ocasião. Por isso as imagens da câmera são peças-chaves para confirmar se houve ou não agressão.  

Versão do acusado 

Todas as testemunhas e os envolvidos no processo já foram ouvidos pela Polícia Civil. Victor, que no último domingo (12) não compareceu ao programa The Voice Kids, esteve na Delegacia da Mulher, e prestou depoimento por cerca de duas horas. Ele chegou ao local por volta das 19 horas e só deixou a delegacia às 23h20. Na fala, conforme a delegada, Victor teria negado a violência contra a esposa, mas confirmou que tentou impedir que ela deixasse o apartamento da mãe, local onde a briga ocorreu. 

No último dia 24, Poliana Bagatini, que está grávida, procurou uma delegacia em Belo Horizonte para prestar queixa contra o cantor. De acordo com o boletim de ocorrência, ela disse ter sido agredida pelo marido, jogada no chão e recebido chutes. A confusão teria começado quando Victor levou a filha de um ano e um mês do casal para a casa da mãe sem autorização de Poliana. 

Segundo o depoimento de Victor, a esposa foi até a casa da sogra para pegar a criança, mas estava gritando e muito nervosa. Ele teria tentado conter Poliana para que ela não fosse embora sozinha com o bebê. Ele nega, porém, que tenha a agredido. 

"Segundo o investigado, pelo fato de ele estar muito preocupado de Poliana sair naquele estado (nervosa) e levar a criança, ele teve que contê-la para evitar um prejuízo maior para a filha. Segundo o cantor, ele não agrediu a vítima, não chutou a perna da vítima e não a empurrou ao chão", disse Danúbia.  A asssessoria do cantor informou que ele já prestou depoimento e que só se pronunciará depois da finalização do inquérito.

Caso Poliana tenha mentido sobre a violência, ela poderá responder criminalmente, seja por notificação de falso crime ou denunciação caluniosa, informou a delegada. "Mas isso será apurado após a conclusão do inquérito da suposta agressão", informou a policial.

Além de Victor, a mãe e a irmã do cantor também prestaram depoimento na noite de ontem. Cada uma delas foi ouvida por uma hora. A mãe de Victor Chaves endossou a versão sustentada pelo filho, de que Poliana estava muito alterada e agiu de forma agressiva. 

No dia 24, quando a briga ocorreu, a sogra registrou um boletim de ocorrência contra a nora, afirmando que ela havia gritado com a família do cantor e quebrado alguns objetos da casa dela, como taças, copos e uma cristaleira. A queixa, no entanto, foi retirada pelo advogado da mãe de Victor uma semana depois. 

Segundo a delegada Danúbia Quadros, Poliana foi até uma delegacia próxima da casa dos dois, no Luxemburgo, na noite da briga, mas não quis prestar depoimentos e fazer exame de corpo delito. A vítima alegou estar com pressão baixa e disse que não havia quem ficasse com a filha.

No entanto, Poliana voltou à delegacia às 7 horas do sábado, 25, para ser encaminhada ao Instituto Médico Legal, onde fez exame de corpo delito. O resultado, divulgado hoje (13), mostrou que não houve lesão corporal aparente. A delegada ainda afirmou que a vítima não requereu medidas protetivas.

Dois dias após denunciar a agressão, Poliana voltou atrás e publicou um texto na internet negando a agressão e dizendo que tudo não passou de um desentendimento familiar. Segundo a delegada, a vítima está em Campinas desde o último dia 26, na casa dos pais.

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