(Polícia Civil/Divulgação)
Dezessete mulheres, sendo 10 apontadas como líderes da quadrilha especializada em aplicar golpes em servidores públicos a partir de previdência privada complementar, prestaram depoimento nesta segunda-feira (21). No total, 39 pessoas foram presas suspeitas de integrar o bando criminoso, que teria causado prejuízo estimado em R$ 10 milhões. As suspeitas foram ouvidas pelos delegados Daniel Araújo e Flávio Albergaria, das polícias Civil e Federal, respectivamente. Até quinta-feira (3), os investigadores esperam colher os depoimentos dos 37 presos na operação que estão em Minas. Outros dois estão detidos em São Paulo. O teor dos depoimentos não foi divulgado. Na terça-feira (1º), serão ouvidos 10 homens. No dia seguinte, mais 10 envolvidos serão interrogados e, para finalizar, a polícia espera colher os depoimentos de sete mulheres na quinta-feira (3). Os suspeitos estão sendo ouvidos na Delegacia de Eventos, que fica na orla da Lagoa da Pampulha, porque o espaço possui estrutura para o serviço e por ter localização estratégica para dar apoio à Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (Ficco), composta também pela Polícia Militar, Corpo de Bombeiros e Secretaria de Estado de Defesa Social. Quadrilha No último dia 26, 39 pessoas suspeitas de integrar uma quadrilha especializada em estelionato contra aposentados e pensionistas foram presas na maior operação já realizada em integração entre as forças de segurança de Minas Gerais. A operação, batizada de "Pecus", foi realizada pela Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (FICCO-MG), composta pela Polícia Federal, Polícia Civil, Polícia Militar, Corpo de Bombeiros e Secretaria de Estado de Defesa Social (SEDS). Foram expedidos 50 mandados de prisão e 36 mandados de busca e apreensão em Minas Gerais e também no estados de São Paulo e Rio de Janeiro. Ao todo, 260 agentes mineiros e mais 60 paulistas participaram da ação. Apesar dos envolvidos serem detidos em seis cidades de São Paulo e no Rio de Janeiro, todos eles foram trazidos para o território mineiro, onde a investigação começou. Eles desembarcaram no Aeroporto da Pampulha, sob forte aparato policial, mas não foi informado para qual presídios eles serão levados. O grupo teria causado prejuízos superiores de R$ 10 milhões, apenas de março até agora. O dano pode ser ainda maior conforme os responsáveis pela investigação. As apurações, realizadas nos últimos cinco meses, apontam que as vítimas eram abordadas por meio do envio de falsas notificações judiciais que noticiavam supostos créditos oriundos de previdência complementar, com as quais haviam contribuído no passado. Conforme a Seds, a maior parte dos integrantes da quadrilha residem em São Paulo, mas os golpes foram praticados em vários estados. A investigação partiu em Minas, uma vez que a primeira vítima é um mineiro, que realizou a denúncia e teria tido um prejuízo de R$ 1 milhão. Além da líder da quadrilha, o filho dela de 17 anos também foi apreendido. A ação também resultou na apreensão de três carros de luxo, armas de fogo, R$ 250 mil em dinheiro e também foi feito o pedido de bloqueio de contas e bens dos envolvidos. Todos os detidos responderão pelo crime de estelionato com agravante de organização criminosa. Eles podem ser condenados a uma pena que varia entre 5 a 13 anos de prisão. Golpe A quadrilha agia de forma organizada. Os alvos eram aposentados e pensionistas, geralmente funcionários públicos e militares, que realizaram previdência complementar em algum momento da vida. Com a ajuda de um hacker, a quadrilha conseguia os dados das vítimas e criaram um site, chamado de Anaprev, que não está mais no ar. Os golpistas conseguiam acesso às informações e até o endereço de pessoas, além de rastrear quais vítimas tinham processos na Justiça. O grupo mandava cartas para os alvos, informando que eles tinham dinheiro a receber sobre os processos e orientavam elas a entrar no site e fazer contato telefônico. As vítimas eram orientadas a depositar 10% do valor a receber para os golpistas. Para dar aspecto de credibilidade ao crime, os estelionatários realizavam um depósito falso na conta das vítimas, com o suposto valor que elas tinham a receber. Alguns alvos chegavam a realizar o depósito para os estelionatários várias vezes. Atualizada às 18h40