(Cláudia Cássia Pereira)
Uma cidade mais limpa, menos riscos de doenças como a dengue e ainda uma população mais consciente sobre o consumo, as possibilidades de reciclar e os benefícios desse hábito para o planeta e o bolso. Tudo isso acontece em Nova Resende, graças a um projeto que começou em 2008 e hoje é abraçado por 80% dos 16 mil habitantes do município.
“Aqui a gente não tem vergonha de catar sucata, porque todo mundo recolhe. É normal”, diz a dona de casa Aparecida Cruvinel.
Uma das ações faz com que o lixo reciclável, no município, possa ser trocado por refeições no restaurante popular ou vale-compras no mercadinho municipal.
Quem opta pelo segundo pode encher a sacola de verduras, pois os preços são “quase simbólicos”. Um pé de alface custa R$ 0,10, a couve-flor sai por R$ 0,50 e a chicória, por R$ 0,05.
A assistente social Selene Alves, coordenadora do projeto, explica que os preços são baixos para incentivar a troca dos vales por alimentos.
“A ideia era fortalecer a consciência ambiental dos moradores e tê-los como parceiros nessa iniciativa. Então, resolvemos transformar justamente o lixo, que antes era um problema, na solução de que precisávamos”, explica.
Destino certo
De acordo com o prefeito Celson de Oliveira, se o material reciclável fosse efetivamente comprado pelo município, não se sabe o quê os moradores fariam com o dinheiro.
“Poderiam usar para drogas ou cachaça, por exemplo. Mas ao determinar a troca por tíquetes que valem comida, conseguimos assegurar uma alimentação melhor, contribuindo para a saúde dos moradores”.
Para o chefe do Executivo, o resultado já pode ser percebido. Segundo ele, várias pessoas que antes “viviam” nos postos de saúde, em busca de consultas e remédios, agora recolhem recicláveis.
“Estamos fazendo um levantamento sobre o volume de lixo que recebemos desde a implantação do projeto. Mas já dá para perceber a cidade mais limpa e a maior disposição das pessoas, pois se alimentam melhor”.