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As mortes por gripe aumentaram nada menos que 90% no Estado. Até a segunda quinzena de julho deste ano, 57 mineiros perderam a vida após ficar doentes. No mesmo período de 2017 foram 30 óbitos.
O avanço do vírus H1N1, mais agressivo e de maior circulação no país, é o principal motivo para o salto nas ocorrências. A demora para se atingir a meta de vacinação na campanha nacional, que foi prorrogada por duas vezes, também pode ter influenciado.
Os dados divulgados pelo Ministério da Saúde não detalham o perfil das vítimas, mas especialistas acreditam que a maior parte é formada por idosos que já estavam em tratamento em decorrência de outras enfermidades.
O alerta contra a gripe é reforçado em razão do inverno – época de maior contágio –, que se estende por mais dois meses.
“Existem três tipos do vírus (além do H1N1, o H3N2 e influenza B) que circulam no Brasil. Um deles é mais brando (H3N2), mas o H1N1 é historicamente responsável por mais óbitos, em adultos e idosos que já têm alguma doença, o que é um fator de risco”, diz o infectologista Unaí Tupinambás.
Altamente contagiosa, a gripe pode ser prevenida com a vacina. Presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, Estevão Urbano acrescenta que muitas pessoas se imunizaram quando os vírus já estavam em circulação. “Elas não se protegeram a tempo, essa é uma hipótese que não podemos descartar”. Para o médico, diagnóstico e tratamento tardios também devem ser levados em conta.
Diretamente
A Secretaria de Estado de Saúde (SES) reforça que o aumento das mortes está diretamente relacionado ao tipo mais agressivo do vírus. No ano passado, segundo a pasta, o H3N2 foi percebido de forma mais intensa, enquanto, em 2018, a predominância tem sido do H1N1. Conforme a pasta, a circulação é maior nas regionais de saúde de Belo Horizonte, Uberlândia (Triângulo) e Leopoldina e Ubá (Zona da Mata).
Vacinação
Minas Gerais conseguiu bater a meta de vacinar 90% do público-alvo. Mas, mesmo tendo sido iniciada em abril, a campanha de imunização ainda não alcançou os números esperados para gestantes e crianças. No Estado, a proteção desses grupos não passa de 84%. Na capital, a taxa é ainda menor, em torno de 70%.
“Isso pode estar acontecendo pelo descuido das famílias. Há também grávidas com medo de contrair gripe ao receber a dose, o que não é verdade”, diz o infectologista Marcelo Silva de Oliveira, da Sociedade Brasileira de Infectologia.
Ações
Conforme a SES, municípios que não atingiram a meta deverão “buscar estratégias para continuar vacinando os grupos prioritários, em especial, crianças, gestantes, idosos e pessoas com comorbidades (associação de duas ou mais doenças)”. A pasta reforça que a ação contribui para a redução das complicações, internações e mortes causadas pela gripe.
De acordo com a Secretaria de Saúde de BH, desde 22 de junho, as vacinas que sobraram da campanha nacional estão disponíveis nos 152 postos da capital para crianças, gestantes e mulheres com até 45 dias após o parto.
A medida só não é recomendada para pessoas com alergia à proteína do ovo – usada na fabricação da dose.