A polícia procura pelos suspeitos de incendiarem dois ônibus entre o fim da noite dessa terça-feira (23) e a madrugada de quarta-feira (24), em dois bairros diferentes em Belo Horizonte. De acordo com o Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros de Belo Horizonte (Setra-BH), já são 14 veículos queimados apenas nos cinco primeiros meses deste ano, o maior número registrado desde 2010.
Na ocorrência da madrugada desta quarta, o cobrador da linha 314 (Santa Helena /Estação Barreiro) não conseguiu sair a tempo do veículo e teve queimaduras de segundo grau nas mãos, cabeça e rosto. A vítima foi socorrida e levada para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Diamante, no Barreiro. Ainda de acordo com a polícia, as vítimas contaram que os suspeitos estariam armados e com um galão de gasolina.O ônibus foi interceptado pelos suspeitos na altura da rua Maria Amélia Melo, no bairro Santa Helena. Ao entrarem no coletivo, dois homens determinaram a saída do cobrador e do motorista.
As chamas altas atingiram a copa de uma árvore e parte da rede elétrica. O Corpo de Bombeiros precisou aguardar o desligamento da rede elétrica para apagar o fogo. Um poste foi destruído e vários fios foram queimados. Uma árvore, o portão e o interfone de uma casa também foram danificados.
Região Nordeste
No bairro São Gabriel, um micro-ônibus que fazia uma linha suplementar também pegou fogo durante a madrugada. O veículo estava estacionado quando foi consumido pelas chamas. Enquanto militares do Corpo de Bombeiros apagavam as chamas, o veículo acabou descendo a rua e atingindo o muro de uma casa.
A suspeita da Polícia Militar é que este incêndio também tenha sido criminoso. Até o momento, a polícia ainda não identificou os autores dos dois incêndios.
Histórico
Foram várias ocorrências de ataques a coletivos em 2017. O incêndio mais recente foi em 18 de maio, na rua Nelson José de Almeida, esquina com rua Walter de Souza Ribeiro e rua Magda Magalhães Alves, na Vila Santa Branca, onde um ônibus da linha 623 (Estação Venda Nova/Vila Santa Branca) foi parcialmente queimado por cerca de 15 pessoas.
Os atos de vandalismo prejudicam os usuários das linhas com a redução forçada temporária de veículos em circulação. Nos cálculos do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte – SetraBH –, um veículo queimado ou depredado deixa de atender, em média, a cerca de 500 usuários por dia útil. Os atos de vandalismo também oneram o sistema de transporte coletivo e sua operação, ao reduzir a capacidade de reinvestimento dos consórcios, uma vez que não há seguro contra ações dessa natureza.
O SetraBH destaca que todo ônibus incendiado deve ser substituído e que a substituição demanda tempo para que se faça a cotação de preços no mercado e a aquisição de veículo novo. Além disso, deve ser considerado o tempo necessário para a entrega do veículo pelo fabricante, para a instalação da tecnologia exigida pela Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte – BHTrans –, e para a sua vistoria e emplacamento pelo Departamento de Trânsito.
Em resumo, um ônibus convencional queimado significa, além do prejuízo de R$ 360 mil, um veículo a menos na linha por tempo não inferior a 150 dias ou a sua substituição temporária por outro veículo da reserva.
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