Mais perigosa que cerol, linha "supercortante" ameaça motociclistas

Patrícia Santos Dumont - Hoje em Dia
11/06/2013 às 06:43.
Atualizado em 20/11/2021 às 19:00

A legislação mineira que prevê punição para o uso de cerol está ultrapassada. O texto ignora a comercialização de linhas cortantes industrializadas, amplamente anunciadas pela internet. O poder de corte do material é até quatro vezes superior à tradicional mistura feita à base de cola e vidro moído.

A linha chilena, como é conhecida, é obtida da combinação entre cola de madeira e óxido de alumínio, um produto que, pelo grau de dureza, costuma ser usado como abrasivo na composição de ferramentas de corte. Em outras cidades, porém, como no Rio de Janeiro, a legislação, mais rigorosa, especifica a proibição tanto para o uso quanto para a comercialização.

Como é muito mais agressiva e cortante, os riscos oferecidos pela linha chilena são proporcionalmente superiores. “O cerol é um produto mais simples, produzido em escala reduzida. Já a linha chilena é feita em processo industrial e tem um refino mais apurado, o que a torna muito mais leve e extremamente nociva”, alerta o engenheiro de Tecnologia e Normalização da Cemig, Demétrio Aguiar.

Venda livre

Em uma página no Facebook, no ar há menos de um ano e dedicada exclusivamente à divulgação da linha, havia mais de 1.500 “curtidas” até a noite de segunda-feira (10). Os comentários também se multiplicam. Há centenas de pessoas interessadas em comprar o produto, inclusive moradores de Belo Horizonte e região metropolitana.

Enquanto isso, crescem os registros de pessoas atendidas no Hospital de Pronto-Socorro João XXIII, na capital, vítimas de cerol e linhas cortantes. No ano passado, 38 pessoas foram internadas com cortes, nas mãos, braços e pescoço. Entre janeiro e o último domingo, havia 12 registros.

“Temos conhecimento de que a linha chinela é um material muito mais resistente e que vem sendo amplamente utilizada para soltar pipa. Os riscos à vida, tanto de quem a utiliza quanto de ciclistas e motociclistas, principalmente, são enormes, mas infelizmente é difícil distinguir o ferimento provocado por cerol ou por outro tipo de material cortante”, avalia o cirurgião do HPS Paulo Roberto Carreiro.

Atualização

O chefe da sala de imprensa da Polícia Militar, major Gilmar Luciano dos Santos, ressalta que a legislação não abrange a comercialização de produtos utilizados com a finalidade de cortar as linhas de papagaios e pipas, mas reconhece o risco que a linha chilena traz à população. “Se existe um produto que de certa forma substituiu o cerol, é preciso que esteja especificada na legislação a punição para quem usa e vende”.

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